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Ontem senti-me um desgraçado

Um tipo acorda mais cedo do que é habitual, vê os mails, dá uma vista de olhos no Facebook, às 6.00h da manhã vê as primeiras notícias na televisão enquanto come uma torradas e bebe um copo de chá.

Iria o dia ser igual a tantos outros…

Chego ao trabalho e começo a receber informações de situações preocupantes, algumas só se resolverão com o tempo, e chega a hora da grande reunião de uma associação em que sou o secretário. Faço as actas e leio-as nas assembleias seguintes, envio convocatórias, dou informações de interesse da associação, faço as chamadas dos associados, e não sendo um trabalho interessante, a associação merece o meu empenho e faço-o com gosto embora muitas vezes não saia perfeito.

Antes da Assembleia é necessário verificar se há cadeiras para todos, cuidar da parte protocolar… E passada hora e meia lá começa a assembleia.

Normalmente nunca demoram menos do que quatro horas sem intervalos… Ontem demorou cinco e fomos jantar no local combinado. Era meia noite e os empregados de estabelecimento de restauração, que andavam a servir desde as 19h da tarde, quase a dormir mas simpáticos como sempre, lá fizeram o frete.

1.30h da madrugada faço-me à estrada e percorrer cerca de 35 quilómetros para regressar ao apartamento e dormir um pouco, tanto mais que o meu horário de trabalho inicia-se às 9 da manhã!

Depois de andar 10 quilómetros, o painel do carro começa a informar-me que tenho uma avaria e que provavelmente seria da bateria ou do alternador e aconselhou-me que me dirigisse de imediato a uma oficina. Era tarde, não haveria oficinas abertas a essa hora, e resolvi dirigir-me a casa. Passado pouco tempo fiquei sem direcção assistida, depois o computador aconselhou-me a desligar tudo o que gastasse energia, e lá se foi o rádio e o aquecimento, passados mais 10 quilómetros o carro começou a perder potência… Já era impossível conduzir.

Parei o carro, afinal estava a mil metros de casa! Estava de fato e camisa branca, com um pouco de frio, mas peguei na mala do portátil e dirigir-me a pé até casa. Trataria da Assistência em Viagem no dia seguinte.

Andei 100 metros e desata a chover de forma torrencial e teria que correr uns 50 metros até um ponto de abrigo. Cheguei lá molhado até aos ossos! Diminuiu a intempérie e resolvi correr, de ponto de abrigo a um outro ponto de abrigo até chegar a casa!

Mas já estava tão molhado, com tanto frio que resolvi continuar a caminhar independentemente da chuva. O que eu queria era chegar a casa, vestir o pijama e calçar as minhas pantufas de gaja.

E assim em plena chuva arrastei-me até casa. Tirei o fato, a camisa e a gravata e limpei-me a uma toalha de banho. Entrei no quarto para calçar as pantufas e apesar da Ana estar a dormir, deu pela minha entrada e perguntou se estava tudo bem e se o dia tinha sido óptimo. Confirmei que o dia tinha sido excelente. Para quê acordá-la e preocupá-la? Contaria no dia seguinte.

Não me deitei logo, foi para o sofá da sala para tentar livrar-me da minha atitude de desgraçado.

No dia seguinte acordei, dormi pouco, fui à cozinha e a marquise tinha tido uma inundação porque não tinham sido feitas as limpezas das caleiras do prédio! Era a terceira vez que aconteceu desde que lá moramos.

Pouco depois acorda a Ana, e após os cumprimentos matinais, ela disse-me que eu tinha dito, na noite anterior, que o dia me tinha corrido muito bem com uma voz muito chateada. Respondi que tínhamos coisas para conversar.

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