Um Partido Comunista não pode ter dogmas. Muito menos face a decisões tomadas, e em especial no que toca ao apontar de quadros – de entre os quais o Secretário-Geral se destaca principalmente.
O dogma não pode existir porque a realidade material interna e externa ao Partido evolui e reinventa-se constantemente.A dogma da “infalibilidade do Secretário-Geral” (sobre o qual não vou dissertar) é, quando sem os devidos cuidados, uma doença perigosa para o Centralismo Democrático, e que pode ocorrer a qualquer nível do Partido. Serve por vezes outros que não aquele que a materializa.Identificá-la e expurgá-la é obrigação de todo e qualquer comunista.
A decisão de substituir o Secretário-Geral tem que ser sempre natural. Deve estar sempe em cima da mesa. Deve ser sempre fácil de tomar e executar – e o Partido deve estar sempre preparado para a tomar. Sempre. A partir do momento que há um novo Secretário-Geral este deve ser substituível – não há Colectivo de nenhuma outra forma.
Jerónimo de Sousa foi o Secretário-Geral certo no momento que foi escolhido. Do trabalho que fez só podemos agradecer. Mas os tempos são outros, e são outros há já algum tempo.
A escolha de um novo Secretário-Geral para o Partido Comunista Português, processo natural, só peca por tardia.
O Partido Comunista Português saberá fazer a escolha certa.
Obrigado, Camarada Jerónimo.