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O prestidigitador

© Pixabay

Mário Centeno é na pasta das Finanças uma espécie de político prestidigitador. Abdicou da cátedra em favor da retórica parlamentar, que doura com pozinhos de perlimpimpim, para convencimento de incautos, em vésperas de eleições.

Fascina a geringonça e comentadores políticos de feição, que lhe repetem o argumentário em estado hipnótico. Domina tão bem a cartilha que num dos debates mais difíceis da legislatura, António Costa ficou quieto e calado, crente no desempenho do seu ministro, a contas com a contundência da Oposição. Há quem acredite que não poderia ser de outra forma, avaliado um primeiro-ministro que não é propriamente forte em números, nem se preocupa muito com eles. Mesmo assim, demitir-se da defesa do documento que marcará e condicionará todas as opções políticas do Governo revela as prioridades do seu primeiro titular.

Em pré-campanha eleitoral, vale tudo. Números enviados para Bruxelas, que não coincidem com os números dos documentos entregues na Assembleia da República, como a UTAO denuncia. Valores em texto que não batem certo com as tabelas anexas, mas faz-de-conta que sim. Reduções de 3 cêntimos no preço da gasolina, que afinal são 2 cêntimos, depois de anos de aumentos que garantem a Portugal os combustíveis mais caros da União Europeia, apresentadas como ato de bondade e desafogo das carteiras de quem tem de abastecer veículos, sem receio do ridículo do anúncio. O pedido da medalha pela ausência de orçamentos retificativos, sem explicação de que o milagre só acontece porque o PS aprova medidas que depois não cumpre – tem sido assim com a educação, saúde, transportes e investimento -, mas em vez de retificar, como seria suposto, não se importa com isso e no dia seguinte continua tudo na mesma.

O OE para 2019 é eleitoralista, sim. O PS promete reduzir propinas e oferecer manuais escolares gratuitos até ao 12.o ano, sem uma réstia de sentido de justiça social, porque trata por igual ricos e pobres, enquanto os que mais precisam terão cortadas as bolsas de estudo. Descapitaliza universidades à cata de votos, porque o contribuinte paga. Oferece tudo, a todos, porque quando se puder comprovar o que não se pode pagar, as urnas já foram abertas. Acredita que no gastar é que está o ganho. Pelo caminho cobra mais sete mil milhões de euros de impostos, mas fixa-se no discurso de comício acerca de equívoca devolução de rendimentos às famílias.

O ministro das Finanças anuncia maravilhas, com a habilidade de quem retira coelhos da cartola. Quem vê anima-se com a ilusão. O problema é que é tudo a fingir.

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