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O Panteão Nacional e Zeca Afonso

Felizmente existem pessoas de bom senso, e quando a Sociedade Portuguesa de Autores propôs que o corpo de Zeca Afonso fosse transladado para o Panteão Nacional, a família de Zeca recusou linearmente. Realmente, muito me surpreende José Jorge Letria ao propor tal iniciativa, não tivesse percebido nada daquilo que Zeca Afonso escreveu ou representou para várias gerações.

Quando muitos falam do Panteão Nacional, referem-se à igreja de Santa Engrácia, mas de facto, existem pelo menos mais três Panteões Nacionais e um deles em Coimbra, na igreja de Santa Cruz, e panteão por panteão, a ser “encarcerado num”, deveria ser na cidade que assistiu ao vivo ao seu esplendor. Mas também não, Zeca Afonso não era dessas coisas de condecorações e comendas, era um grandioso homem simples.

É curioso, todos aqueles que acham que a grande homenagem póstuma de alguém conhecido e com méritos reconhecidos, é colocar-lhe o túmulo junto a outros cadáveres de pessoas famosas. Faz-se uma festa com pompa e circunstância, e lá vai o morto para a Igreja de Santa Engrácia para fazer companhia ao Eusébio e à Amália. E depois aproveita-se o espaço para fazer lá uns jantares.

E para inglês ver, existem cenotáfios, ou seja arcas tumulares mas sem corpos lá dentro, como por exemplo, de Vasco da Gama ou de Luiz de Camões, entre outros. Para alguém mais desatento, é evidente que é uma fraude, tanto mais que Luiz de Camões e Vasco da Gama estão sepultados nos Jerónimos, que por acaso também é Panteão Nacional.

O conceito de Panteão Nacional é uma ideia jacobina, para quem estava a fazer uma revolução e precisava de mártires e heróis famosos. Em Portugal, a infeliz ideia de juntar mortos famosos no mesmo espaço teve-a Salazar. Enfim.

Deviam era deixar os mortos em paz. Se querem fazer um tributo a Zeca, ouçam-o, se quiserem fazer um tributo a Sophia, leia-a.

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