Somos muitos corpos estrangeiros a saber que no dia 24 o “ni Macron, ni Le Pen” não existe.
A não ser que derrubem todo o regime, e isso não vai acontecer, vamos ter ou Macron ou Le Pen e o nossos corpos estrangeiros conhecem a diferença, apesar de tantas vezes a linha de separação ter parecido ténue nos últimos cinco anos.
Não tenho neste momento ânimo para discutir sobre isto com quem tem o privilégio de decidir sobre as nossas vidas, até porque vamos ter de contar com todes se o pior acontecer. Pudemos manifestar hoje, apesar do aparato policial, com estes robocops que trazem mais insegurança e tensão do que o contrário nestes momentos, mas com fascistas no poder o que será da luta na rua? O que será da democracia? O que será dos estrangeiros, dos refugiados, das mulheres, das pessoas LGBT, dos muçulmanos, dos franceses racializados, dos mais pobres? Os nossos corpos sabem.
Combater o liberalismo autoritário nas ruas, combater o fascismo agora nas urnas. A extrema-direita não se experimenta. Isto não é um jogo. Estamos encurralados enquanto permitirmos que a extrema-direita possa perverter desta forma o exercício democrático.
Mas neste momento não há solução. O ni-ni não existe. Os nossos corpos sabem.
Luísa Semedo