Entro na floresta onde tudo me é desconhecido
Tudo é novo
Tudo é possível
A natureza abraça-me
E sem pensar
Vou em frente nessa passagem para o outro Mundo
Sem medo e igual a mim mesma
Persigo os meus sonhos
Abandono o negativismo
Deixo-me embalar pelo vento
Adormeço ao som dos pássaros que me envolvem nesse ninho
E agora deitada nesse ninho, aconchegante e pacífico
Olho para esse meu Mundo
O meu Mundo espiritual
Onde navego sozinha
E a imagem desse corvo vem até mim
Meu corvo chave, meu corvo essência de mim mesma
E a beleza pura dessa transparência espontânea
Essa beleza aparece nesse espelho
E eu sorrio
Sorrio pois lutei para aqui chegar
Sinto-me em transe completo
Sou essa médium que poucos sabem
Sou intuição pura mas que negava
E agora escrevo para exprimir toda a minha revolta
A minha revolta contra a injustiça
Deixo atrás de mim todos esses seres que fizeram parte de mim
Mas que não se permitiram de existir ao meu lado nem através de mim
E digo, pena, pena pois o desperdício é enorme
E tudo é sofrimento
Tudo é clareza genuína mas intocável
Hoje sinto tanto tudo em mim
Não, não o posso negar
A minha vida tem um sentido
E esse sentido sou eu mesma, apenas
E ouço os sinos tibetanos virem até mim
Esses sons nesse templo que me dizem :
« Sofre, Mulher, pois esse é o teu caminho, as respostas virão até ti »
E é aqui neste meu templo que eu me sinto por completo
É aqui que me encontro comigo mesma
É aqui que a meditação é tão forte que o meu corpo físico deixa de existir
As emoções são tão intensas que as lágrimas gotejam pela minha cara
Estou na pureza do existir, onde tudo é belo
Sinto essas presenças imateriais e místicas à minha volta
Tudo é harmonia imperturbável
Tudo isto é íntimo
Tudo isto sou Eu.
BV 08.04.2018