De que está à procura ?

Colunistas

O desinvestimento do Estado no ensino de português na área consular de Estrasburgo

Introduzo este texto, fazendo uma breve análise da estrura do “universo português” existente no leste de França, com o intuito de tentar contextualizar, a importância que tem o ensino da língua de Camões nesta área geográfica. Quando falamos da área consular de Estrasburgo, estamos a falar numa área composta por : dez departamentos franceses, nos quais estima-se que haja uma população que ascenda aos 70 000 portugueses.

São mais de setenta associações ativas espalhadas pelo território. São mais de trezentos luso-eleitos, são vinte oito estabelecimentos de ensino que disponibilizam aulas de português. Estas aulas são dadas desde o ensino primário até ao ensino universitário. São perto de mil alunos que escolheram aprender português, dstribuidos pelas grandes cidades do Leste de França, de Nancy, Auxerre, Mâcon, Dole, Mulhouse, Colmar, Strasbourg, até Reims. Não esquecendo o importante trabalho que desenvolvem a Embaixada junto do Conselho da Europa e o Consulado Geral de Portugal.

Posto isto, preocupa-me a atitude, a ausência e a tomada de posição demonstrada por parte do estado português e da sua representação no território da área consular de Strasbourg nos últimos meses, com a manifesta falta de apoio e acompanhamento do ensino da língua portuguesa nesta área geográfica. Acompanho com atenção o tratamento que está a ser dado em Estrasburgo nesta matéria há algum tempo e reparo que o ensino da nossa língua não parece ser priritário para o estado português.

A titulo de exemplo, no domingo, 12 de Junho mais de 200 pais, crianças e alunos juntaram-se em Estrasburgo, na já habitual, festa que celebra o final do ano letivo do ensino de português organizada pela professora do Ensino Português no Estrangeiro (EPE), Carine Pires conjuntamente com a Associação Cultural Portuguesa de Strasbourg, Antes desta festa já tinha havido festa semelhante na cidade de Colmar.

Neste encontro tiveram também pesentes, cinco outras professoras de português que lecionam em vários colégios e licéus da região da Alsácia. Estiveram representados establecimentos de ensino das cidades de Estrasburgo, Colmar e Mulhouse. As professoras aproveitaram o convite para expressarem perante a assembleia presente, que o ensino de português está a passar por momentos dificeis nesta região, em que o espaço atribuido ao ensino do alemão está a prejudicar o ensino da nossa língua. Tenho de lamentar que nesta festa que serviu para celebrar o final do ano letivo do ensino de português na região de Estrasburgo e que foi também o momento de despedida da professora EPE Carine Pires, que será substituida para o próximo ano letivo. Reparo que infelizmente, nenhum representante do estado português esteve presente nestes dois eventos, que são as duas principais manifestações na região da Alsácia alusivas ao ensino do português.

Venho com este artigo, pedir publicamente às entidades portuguesas competentes nesta matéria, das quais destaco a coordenação do Ensino de português em França, a Embaixada de Portugal em Paris e o Consulado Geral de Portugal em Estrasburgo que se inteirem desta questão, que preocupa o conjunto da comunidade portuguesa residente na área consular de Strasbourg. Proponho também que este assunto seja abordado no próximo Conselho Consultivo da área consular, pois esta questão merece, na minha modesta opinião, uma atenção especial por parte de todos. Num periodo em que acabamos de celebrar o dia de Portugal de Camões e das Comunidades Portuguesas. Num contexto muito particular, em que pela primeira vez, as comemorações oficiais tiveram lugar não só em solo português, mas também junto dos portugueses residentes em Paris, segunda cidade no mundo com maior numero de cidadãos nacionais. Em que o lugar do ensino português teve presente nos vários discursos oficiais. Pediamos que a preocupação nessa matéria fosse bem além dos discursos e se traduzisse por acções concretas no terreno. Que se verifique realmente junto das nossas comunidades portugueses presentes no estrangeiro, que a defesa e a promoção do ensino é uma área priotitária e desta forma que sejamos coêrentes com os discursos proferidos no 10 de Junho 2016.

Pode o estado português pelo intermédio das suas várias representações diplomáticas ficar impávido e sereno face a esta problemática? Pode o estado considerar que não há necessidade de defender e promover o ensino do português junto da comunidade portuguesa, junto das associações portuguesas, e junto das autoridades francesas? Pois isto é o que se está a verificar na área consular de Strasbourg. Nos últimos tempos não têm havido qualquer tipo de iniciativas no sentido de divulgar e promover a oferta, já existente, de ensino de português no território da área consular de Strasbourg. Ainda por mais quando a oferta é variada e que poderia ser ainda maior. Pois, como evoquei no incio deste texto, há potencial para que a oferta seja maior. Sabemos que mais de 70 000 portugueses e sem contar com as outras comunidades lusófonas, residem nesta área, o potencial é suficientemente significativo para que a oferta de ensino da língua aumente no nosso território. Temos atualemente perto de mil alunos a aprender português, mas poderiamos ter muitos mais.

Enquanto Conselheiro das Comunidades Portuguesas defendo que é necessário uma acção conjunta se queremos dar uma maior visibilidade ao ensino da língua portuguesa nos territórios onde residimos. Em pleno século XXI em que vivemos, na era da tecnologia, num pais que se vangloria de ser um exemplo na implementação do SIMPLEX administrativo. Seria coerente que todos esses progressos e metodos inovadores, fossem também usados em beneficio dos milhões de portugueses residentes no estrangeiro. Nomeadamente para promover e divulgar junto dos portugueses a existência das aulas de português. Seria profiquo para todos, que houvesse uma concertação neste sentido, em prol das nossas comunidades, em prol da defesa da nossa língua e da nossa cultura no estrangeiro.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA