Sou certamente um dos maiores apreciadores de Carlos Paião.

A Carlos Paião teço imensos encómios sempre que posso e já escrevi algumas vezes que Carlos Paião nos deixou um vazio enorme, enorme na música em Portugal e que a sua vivência terrestre impediria a prosperação daquela coisa que me deixa muitas vezes arrepiado de vergonha, que será aquilo a que agora se chama “vergonha alheia”, que é a música “pimba”, esse assassinato da poesia, de carácter que é ser português, da Língua Portuguesa.

Paião “é” brejeiro… com classe, com estilo, com delicadeza, com imensa graça, imensa polidez e total educação.

A suas músicas, as suas letras – aos vinte e um anos já havia escrito duzentos temas, merecem a minha maior admiração, deleite-prazer.

– Ah Paião!, que tanta falta nos tens feito… Até a tua bonomia enquanto pessoa me dá infindáveis saudades, imensa memória – rigorosamente memória porque “és” bom. Deixaste-nos vítimas do que é a brejeirice boçal, grosseira, mal educada…

…sem inteligência!…

Mas agora vem o senhor presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, atribuir-lhe “a título póstumo, o grau de comendador da Ordem do Infante D. Henrique”…

É o contexto da atribuição do galardão que me espanta.

Carlos Paião pereceu a caminho de um concerto em 26 de Agosto de 1988 aos trinta anos, num estúpido acidente de viação, de modo diametralmente oposto àquilo que Paião foi, é: Inteligente. Enorme. Este enorme, engloba tanto, tanto…

Compositor e autor, Carlos Paião, que nasceu a 1 de Novembro de 1957, compôs e escreveu para diversos cantores e programas televisivos, nomeadamente criando personagens. Hoje muitos são os cantores / bandas / peças variadas de televisão que recuperam os seus temas. – Isto é homenagem.

Carlos Paião fez com que eu passasse a admitir o fado com o tema “O Senhor Extraterrestre”, na voz de Amália Rodrigues.

(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)