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O bem mais precioso da vida não se compra nem vende

O tempo é passado e futuro, estando sempre presente, não parando nunca e nunca esperando, em constante aceleração. É o capital ao dispor de cada um e a questão que se coloca é o de saber utilizá-lo, pois, perdê-lo é desperdiçar a vida e, daí, ser o seu bem mais precioso, na medida em que ele, no exemplo do minuto que agora passou, não volta. Assim, nada melhor do que valorizar o tempo para podermos valorizar tudo o que tem a ver com a contextura da vida. Não é que tenhamos pouco tempo, mas antes o que dele desperdiçamos em demasia.

Nesse sentido, é fundamental dar-se um bom uso ao tempo e disto termos consciência na procura incessante da suposta felicidade. Por isso e para tanto, há que se saber conciliar a vida profissional com a pessoal, o que, nem sempre, se consegue alcançar devido às vicissitudes do modo de viver de cada um. Tal conciliação é tanto mais difícil quanto mais competentes formos no exercício das nossas
profissões e/ou atividades empresariais.

Quando somos bons naquilo que fazemos e após a sensação inicial do quão bom isso pode ser, percebemos que começamos a vender tempo por dinheiro. Ora, isto não é a melhor forma de viver, pois a conclusão madura que retiro de muitas pessoas bem-sucedidas é a de que trabalhar bem, não deve significar trabalhar muito, mas essencialmente e acima de tudo, trabalhar bem. Isso tem a ver com as suas competências e maiores responsabilidades, porque assumem serem capazes de aceitar os desafios, tendo em conta os resultados já alcançados anteriormente. A este facto acrescenta-se que, por serem competentes, outros os convidam para empreendimentos mais complexos e arrojados.

Acontece, porém, que desse processo, em que se afaga o ego no curto prazo, de forma espontânea e sem análise do pensamento, articulado com o impacto emocional e as consequências comportamentais, resulta o aumento das vulnerabilidades individuais. Isto significa que diminui a sua resiliência às adversidades e coloca os contextos complementares de equilíbrio da sua vida em risco.

Muitas vezes, nas organizações onde se trabalha, há exigências de tal ordem que desembocam em tempo excessivo, o que, por sua vez, expõem as vulnerabilidades individuais. Por um lado, sente-se a pressão da instituição mas, por outro, emerge a dificuldade de cada qual em definir prioridades. Como consequência, surgem as dificuldades em tomar decisões na vida pessoal e na melhor forma de gerir o tempo e o stress. Daí que o recorrer a um psicólogo para melhor entender esta realidade é uma decisão e comportamento de maturidade dos mais exigentes consigo próprio.

Ao longo dos anos, a clientela com quem tenho o privilégio de ter vindo a trabalhar, fez com que verificasse as consequências nefastas na sua vida pessoal, conjugal e familiar sempre que, a competência e a responsabilidade profissional, tivessem sido mal geridas. Tomar más decisões e definitivas, por falta de reflexão, em fases temporárias de pressão ou stress, aumenta sempre o risco de arrependimento posterior. Num processo de intervenção neste meio social em que vivemos e aqui referenciado, a capacidade de recorrer ao psicólogo consiste em ter acesso a alguém que facilita a ciência para fazer melhor gestão das fases de transição ou conflitos.

A conclusão que retiro de 20 anos de prática clínica diária presencial e online, é a de que não somos felizes pelo que temos, mas, pelo que fazemos com o que temos. Saber ter tempo para viver e saborear a vida é difícil e é preciso treinar essa competência. Apreciar estar onde estamos é sempre um ganho. Como já dizia Nietzche, a felicidade é o instante de vida que vale por si só. Afinal, são estes desígnios que todos procuramos e que nem todos conseguem descortinar ou alcançar.

Ivandro Soares Monteiro

Prof. Doutor| PhD
Psicólogo Clínico | Psicoterapeuta | Executive Coach
Fundador & Diretor-geral da EME Saúde
www.drivandro.com

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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