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O batismo da criança

“Carne, queijo, gordura e pão: a combinação imortal”

Anthony Bourdain

Há sempre uma história interessante por de trás daquilo que comemos, e o historial gastronómico português está cheio delas. A iguaria de que vos vou falar esta semana, não fica atrás.

Qualquer tripeiro que se preze sabe o que faz depois das 18 horas, todo santo dia a mesma rotina, junta o pessoal e vai petiscar qualquer coisa. E, assim se anda até o corpo permitir, a saltitar de tasca em tasca a petiscar, a conviver e a viver.

Um desses professos adeptos do ‘saltimtascas’ era Júlio Couto antigo economista, com uma vida social muito ativa, que gostava de se juntar com os amigos depois do trabalho para petiscar e por a conversa em dia, num dos restaurantes que mais gostava de frequentar A Regaleira, ao pé da Rua Sá da Bandeira.

O dono do restaurante A Regaleira, Daniel David de Silva, era amigo de farra de Júlio Couto. Daniel passou por dificuldades financeiras, e como todo português com garra, fez-se à estrada e foi para a Bélgica trabalhar.

Como todos nós emigrantes entendemos, a saudade do nosso Portugal foi mais forte que qualquer dificuldade, e entãoDaniel David decidiu regressar mas com um projeto na manga, eis que planeou abrir uma casa de petiscos bem servidos, e com a receita do croque-monsieur começou a magicar uma ideia para um petisco que agradasse ao povo.

Algures no ano de 1952, Júlio dá de caras com o seu amigo Daniel no restaurante A Regaleira, e com ele trouxera um petisco moderno e revolucionário. Consentindo provar a tal iguaria, em poucos minutos Júlio tinha à sua frente uma bela recheada sanduíche coberta de queijo e banhada com molho. Foi amor à primeira dentada, um petisco do carago!

Como a ‘criança’ ainda não tinha nome, no seu atrevimento o Júlio sugeriu o nome Francesinha, por ser picante e agradável. Isto porque na altura a Mulher portuguesa era muito conservadora, ao contrário das mulheres francesas que eram destemidas e desenvergonhadas, na sua cabeça o nome tinha toda a razão para ser.

E assim a fama desta sanduíche foi crescendo, até que um dos funcionários saiu d’A Regaleira e foi para Gaia tentar replicar a Francesinha. Assim, passaram a existir francesinhas em Gaia por causa “do gajo que saiu de lá e foi tentar replicar a receita p’ra Gaia, num restaurante que fica logo depois da ponte à direita!”.

Por estas e por outras é que se diz, que do outro lado da ponte tudo o que tem de bom veio do Porto.

Receita

Molho:
1 cerveja
1 caldo de carne (Knorr)
2 folhas de louro
1 colher de (sopa) de margarina
1 calice de Brandy ou Porto
1 colher de (sopa) de Maizena
2 colheres de (sopa) de polpa de tomate
1/2 copo ( +- 1dl ) de leite
piri-piri q.b.

Dissolver bem a Maizena com o leite juntar os restantes ingredientes e com a varinha mágica triturar, levar ao lume até ferver e engrossar um pouco mexendo para não pegar.

Sanduíche:
2 fatias de pão de forma
fiambre q.b.
queijo q.b.
salsichas q.b.
linguiça q.b.
carne assada ou bife q.b.
Fazer uma sandes com os ingredientes cobrir com queijo, colocar no centro de um prato e regar com o molho, e levar ao forno a gratinar.

Dévora Cortinhal

 

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