Não é difícil encontrarmos emigrantes – que já não designo de emigrantes, pois são apenas cidadãos residentes noutro país – que escrevem nas mais variadas vertentes.
A Diáspora é, sem estar a dar novidade, também isto.
É certamente a saudade, a diferença, a necessidade de se aproximarem da realidade que deixam no chão-luso.
Digo muitas vezes que o publicista tem mais inquietação que o normal – que nele persiste, tem a necessidade de se manifestar intrinsecamente, lá de dentro, bem fundo a dar de si ou sinais de si.
Susan Pinto é, por certo, uma dessas pessoas. Se já tinha essa propensão, ela tem mais necessidade de dar o corpo ao manifesto.
Susan Pinto, camaleónica, pessoa de quem não é fácil colher impressões nos gostos generalizados, há-de ter, por certo, outros meios de se expressar, de se fazer notar. É-me difícil daí colher, porque a minha propensão para observar, não se satisfaz sequer bebendo no seu livro A Ilusão do Amor, da Chiado Editora.
A Ilusão do Amor, o seu primeiro livro de apreciáveis poemas num estilo fluido, de pena leve, justifica bem o que também costumo dizer: Se todos escrevessem dentro nos cânones usuais, mais não seriam precisos que meia dúzia de escritores no modo e sei lá se nos tempos. Mais nenhum dos publicistas faria falta às letras, às palavras, aos textos.
Susan Pinto não precisaria mondar bem de dentro; vem do fundo e teima sair como estigmas que utilizados de uma fôrma, em relevo, a dar volume às ideias num escopo autêntico, próprio, característico. Tudo isto, Susan Pinto, uma beirã que se deslocou para a germânia, quero crer que para além de trabalhar, para cultivar uma vida singular, original, que faz dela, para o bem ou para o mal, a tal pessoa singular .
Nessa singularidade aguarda-se que Susan Pinto traga novamente a lume, em caracteres, a generalizada letra de forma.
Será certamente tão apreciável quanto a poetisa é na imagem do quotidiano.
(Não pratico deliberadamente o chamado Acordo Ortográfico)