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Mundial2022: cautelas e receios, ou a história de um derrota portuguesa

© Lusa

As cautelas exageradas na primeira parte, quase confundidas com receio, aliadas a um erro crucial de Diogo Costa ditaram o fim da caminhada de Portugal no Mundial2022 de futebol, com uma derrota ante Marrocos (0-1), nos ‘quartos’.

Tal como tinha sucedido em 1986, no Mundial do México, na altura ainda na fase de grupos, a equipa das ‘quinas’ voltou a ser superada pelo conjunto africano, ao qual bastou um golo de Youssef En-Nesyri, aos 42 minutos, aproveitando um erro monumental do guarda-redes português, que, desta vez, não foi salvo por qualquer escorregadela de um adversário, como sucedeu na estreia, com o Gana.

Ainda que seja o melhor desempenho luso num Mundial nos últimos 16 anos, a seleção nacional voltou a cair cedo demais numa fase final, tendo em conta o talento que tem à disposição, mas que, no primeiro tempo, esteve demasiado ‘amarrado’ às cautelas na inconsequente circulação de bola, sem criatividade para criar e encontrar linhas que ‘ferissem’ verdadeiramente Marrocos.

O ‘oásis’ – que redundou em demasiada “diversão”, segundo o selecionador – que foi a exibição e a goleada à Suíça neste Mundial foi ‘secado’ por um oponente que, com um futebol pouco vistoso, já tinha surpreendido a Espanha nos oitavos de final e, agora, alcançou o melhor registo de sempre de uma seleção africana num Campeonato do Mundo, sendo certo que ficará sempre num dos primeiros quatro lugares no Qatar, algo inédito para um conjunto daquele continente.

Depois de Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010) terem chegado aos quartos de final em fases finais, os marroquinos estão nas ‘meias’, em que vão defrontar, na quarta-feira, Inglaterra ou França, que hoje, às 22:00 locais (19:00 em Lisboa), lutam pela derradeira vaga na próxima ronda.

Lusa

Da goleada à Suíça (6-1) apenas não resistiu no ‘onze’ inicial português William Carvalho, que foi rendido por Rúben Neves, sendo que os restantes 10 mereceram a confiança de Fernando Santos, incluindo Gonçalo Ramos, autor de um ‘hat-trick’ frente aos helvéticos.

A jogar claramente ‘fora de casa’, perante um apoio maioritariamente marroquino, Portugal colocou em sentido a defensiva africana por intermédio de João Félix, num cabeceamento que Bono evitou que desse em golo, tendo a resposta surgido através do ‘poderoso’ En-Nesyri, mas fora do alvo.

A equipa das ‘quinas’ tinha um domínio absoluto da posse de bola, mas muito cauteloso, sem qualquer risco, com a bola a circular entre centrais e médios em zonas recuadas, perante um adversário que assumia uma postura expectante, defendendo no seu meio-campo e à procura de uma recuperação que iniciasse uma transição rápida.

Quando isso acontecia, os marroquinos eram incisivos no ataque à baliza lusa, sempre com En-Nesyri a servir de referência nos cruzamentos, sendo dessa forma que, pela segunda vez, surgiu a cabecear, mas novamente sem a pontaria desejada.

Apesar da insistência em passes longos para as costas da defesa marroquina, uma e outra vez sem sucesso, Portugal conseguiu ameaçar o golo, por João Félix, só que era demasiado brando quando tinha de recuperar a bola, ao contrário dos oponentes, muito mais decididos a parar os jogadores portugueses.

Essa falta de ‘nervo’ teria consequências nefastas em cima do intervalo, quando, foi permitido que a bola chegasse ao flanco esquerdo e fosse cruzada para – quem mais? – En-Nesyri, que não perdoou a saída absolutamente despropositada de Diogo Costa e ‘entregou’ a vantagem a Marrocos.

Ainda assim, Bruno Fernandes quase quebrou a ‘apatia’ ofensiva lusa e só não consumou o empate logo de seguida porque a barra ‘tomou as dores’ de Bono e evitou o que seria um grande golo do médio do Manchester United.

No entanto, foi Marrocos que voltou a aproximar-se do segundo golo logo no arranque do segundo tempo, com Diogo Costa quase a perder novo duelo com En-Nesyri, o que levou a que Fernando Santos não esperasse nem 10 minutos para colocar em campo Cristiano Ronaldo e João Cancelo nos lugares de Rúben Neves e Raphaël Guerreiro.

Quando Gonçalo Ramos se elevou para cabecear, quase se gritou ‘golo’ e mais ainda quando Bruno Fernandes desferiu um pontapé fortíssimo à entrada da área que levava ‘selo’ de golo, mas acabou apenas a rasar a barra.

A ‘muralha’ de Marrocos ia se erguendo ainda mais com o passar dos minutos, enquanto Fernando Santos procurava encontrar soluções para a derrubar, o que não se ia afigurando nada fácil, mesmo com uma equipa de tração à frente e que já juntava Bernardo Silva, Vitinha, Bruno Fernandes, João Félix, Rafael Leão e Ronaldo.

O avançado do Atlético de Madrid acabou por ser o mais esclarecido na procura do golo, juntando às tentativas da primeira parte um remate, nos derradeiros minutos, que levou Bono a fazer a defesa da partida para evitar a igualdade.

Já no desespero total, Portugal começou a jogar mais com o coração do que com a cabeça e Zakaria Aboukhlal teve tudo para aproveitar o balanceamento luso e acabar com o encontro, mas perdeu isolado no ‘cara a cara’ com Diogo Costa, um minuto depois de Cheddira ter sido expulso.

Aliás, a perdida incrível do avançado do Toulouse poderia ter encaminhado Portugal para o empate no último minuto da compensação, só que as esperanças lusas ‘diluíram-se’ num cabeceamento de Pepe junto ao segundo poste, antes de o apito de Facundo Tello soar e encaminhar Marrocos para as meias-finais do Campeonato do Mundo.

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