Mercado de Coloane encerra devido à saída dos portugueses da região
A associação de vendedores de Macau disse que o êxodo dos portugueses explica em parte a decisão de encerrar, em 16 de dezembro, o mercado de Coloane, inaugurado há 130 anos.
O Instituto de Assuntos Municipais (IAM) da região semiautónoma chinesa sublinhou que o Mercado Municipal da aldeia de Coloane, no sul de Macau, estava vazio há cerca de um mês, depois dos dois últimos vendedores terem abdicado das bancas, uma vez que “o fluxo de pessoas (…) continuou a diminuir nos últimos anos”.
Num comunicado, o IAM justificou a falta de clientes com “o desenvolvimento de Coloane, as mudanças na estrutura populacional da antiga zona urbana de Coloane e as mudanças nos hábitos de consumo dos residentes”.
Em maio de 2023, quatro membros do Conselho Consultivo para os Assuntos Municipais apontaram a partida dos portugueses de Macau como uma das razões para o declínio do mercado de Coloane.
“A maioria dos residentes portugueses que iam fazer compras no mercado regressaram ao seu local de origem para viver, tendo o número de clientes habituais diminuído significativamente”, disseram os membros.
Um deles, o presidente da Associação de Auxílio Mútuo de Vendilhões de Macau, O Cheng Wong, disse à Lusa que o mercado costumava ser popular entre os portugueses que viviam na aldeia, mas que estes “foram partindo aos poucos”.
“Sem portugueses em Coloane, há menos residentes”, lamentou O Cheng Wong.
O dirigente admitiu que os turistas de Hong Kong e da China continental regressaram às ruas da antiga aldeia piscatória depois da pandemia, mas numa altura em que “já não havia nada para comprar” no mercado de Coloane.
O IAM garantiu que a decisão de encerrar o mercado foi tomada depois de analisar “a distribuição de pontos de abastecimento de alimentos frescos” na aldeia e de “ouvir as opiniões da comunidade de Coloane”.
“Há muito tempo, o IAM disse que queria renovar o mercado. Esteve em planeamento durante muitos anos mas nada aconteceu”, lamentou O Cheng Wong.
O IAM, liderado por José Tavares, garantiu que está a levar a cabo um estudo para revitalizar o edifício, inaugurado em 1893.
O instituto prometeu consultar o público “através de diferentes canais”, antes de decidir qual será o uso a dar no futuro ao edifício, para “fazer uma boa utilização dos recursos públicos”.
Durante a pandemia, Macau viveu três anos de crise económica, que levaram à subida do desemprego, e a cidade foi ainda afetada pela política ‘zero covid’, que incluía a restrição das entradas e quarentenas que chegaram a ser de 28 dias.
Não há dados oficiais sobre o número de cidadãos portugueses que abandonaram o território durante a pandemia.
A última estimativa dada à Lusa pelo Consulado-geral de Portugal em Macau apontava para mais de 100 mil portadores de passaporte português entre os residentes nas duas regiões semiautónomas chinesas de Macau e Hong Kong.