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Manifestações na América do Sul preocupam Santos Silva

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O chefe da diplomacia portuguesa disse esta quarta-feira à Lusa que o governo português “está muito preocupado” com as manifestações na América do Sul e que o diálogo permanente com a região permite que Portugal ajude na superação das crises.

“Nós estamos muito preocupados. Já estávamos preocupados com a crise persistente na Venezuela e ficamos mais preocupados, nos últimos meses, com a crise social e, em alguns países, institucional que tem afligido vários países latino-americanos”, disse â Lusa Augusto Santos Silva, que representou Portugal em Buenos Aires na cerimónia de posse do novo Presidente argentino.

“Há um certo agravamento da polarização ideológica entre os países latino-americanos. Isso, evidentemente, preocupa-nos porque nós achamos que, na América Latina, está uma das forças propulsoras do mundo atualmente”, considerou.

Na lista de preocupações portuguesas, aparecem Venezuela, Equador, Bolívia, Colômbia, Chile, mas também Argentina, onde, apesar da forte recessão e da galopante inflação, não houve grandes manifestações populares em parte porque o país viveu, durante os últimos meses, um período de transição de governo.

“A nossa preocupação é com o Equador, a Bolívia, a Colômbia e o próprio Chile. A preocupação com a Argentina é do ponto de vista da dimensão da crise económica e social. Por isso, um diálogo permanente com a América Latina é muito importante para nós percebermos o que está aqui a acontecer, mas também para apoiarmos os nossos amigos latino-americanos na superação dessas crises que os estão a afligir”, avaliou Santos Silva.

O ministro que lida diretamente no elo de Portugal com a região mostrou-se surpreendido com a deflagração das grandes manifestações no Chile.

“As manifestações na democracia são normais, mas eu confesso que a crise social no Chile me apanhou completamente de surpresa. Não estava à espera daquele nível naquela intensidade”, reconheceu.

No entanto, o chefe da diplomacia portuguesa valoriza como o sistema político partidário desses países tem conseguido contornar a crise para evitar que as grandes manifestações tornem-se insurreições populares.

“A bem das democracias na América Latina e porque os ministros das Relações Exteriores devem sempre olhar para o que é positivo, observo a forma exemplar como, através de um consenso político pluripartidário, foram contidas as crises quer na Bolívia, quer no Chile. Partidos muito diferentes entre si conseguiram chegar a um entendimento político pacífico para evitar que houvesse uma deriva insurrecional”, destacou o ministro Santos Silva.

O ministro dos Negócios Estrangeiros explicou que a política externa portuguesa tem um especial interesse na parte hispânica da América Latina como uma fronteira onde estão comunidades lusodescendentes e onde as empresas portuguesas tem diversificando as suas atividades.

“Temos um interesse que são as comunidades lusodescendentes que vivem nesses países da América Latina hispânica, região que, na última década, tem-se constituído como um dos mercados não tradicional no qual as empresas portuguesas têm-se diversificado, quer pelo lado do investimento quer pelo lado do comércio”, explicou o governante.

“Por todas essas razões, nós olhamos para a América Latina como a nossa segunda casa”, sublinhou.

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