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Língua portuguesa ausente no BAC francês

Hoje tive a honra de participar numa reunião na Assembleia Nacional francesa em que participaram vários deputados franceses, o Embaixador de Portugal em França e a Embaixadora de França em Portugal, vários colaboradores, assessores parlamentares e o Conselheiro de Paris de origem portuguesa.

O tema central da discussão foi a Reforma do BAC e as consequências para o ensino de português em França.

Apesar do Governo Português ter assinado em 2017 um acordo sobre o ensino com a França as alterações introduzidas pela chamada Reforma do BAC retiraram à língua portuguesa o estatuto de língua de especialidade LLEC.

Esta decisão do Governo francês tem motivado um enorme descontentamento da parte da nossa comunidade e não reflete a importância da Língua Portuguesa no panorama das línguas no plano internacional.

Com o novo ano lectivo à porta convinha agir. Assim, tive nos últimos tempos diversos contactos com Deputados, Senadores e Presidentes de Câmara franceses no sentido do os sensibilizar para esta questão. O Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade França-Portugal do Senado também se solidarizou com esta causa o que me parece também muito importante.

Acresce a petição que a ADEPBA lançou recolheu mais de 5.500 assinaturas e foi enviada ao ministro da Educação francês.

Hoje tive conhecimento que este movimento permitiu que as coisas evoluíssem um pouco. Com efeito, vai ser possível em determinados casos aos alunos de poderem permutar a língua (o que a reforma não previa). Assim, o aluno poderá apresentar o português como LVA (antiga LV1) nas provas do Bac, mesmo se estudou português como LVB (antiga LV2) em Seconde e em Première. O interesse para os alunos em poder permutar é o de tentar ganhar mais pontos na avaliação para o BAC, pois o coeficiente da LVA é superior ao da LVB.

Quanto às quatro línguas (Langues de spécialité) que poderão ser escolhidas no Bac (na especialidade LLCE – Langues, littératures et cultures Etrangères) por enquanto nada mudou: inglês, alemão, espanhol e italiano.

Ora, este é o grande problema.

No BAC em 2021 haverá 12 especialidades e uma delas é Langues, littératures et cultures étrangères (LLCE) onde vai faltar o português.

Aparentemente vai ser feita uma experiência com duração de dois anos nas academias da região parisiense e na Guiana mas tal não será possível nos outros territórios de França o que me parece ser uma injustiça.

Temos que reconhecer que houve avanços importantes mas, em minha opinião, ainda insuficientes.

Gostaria de agradecer à minha colega e Presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Portugal França Samantha Cazebonne pela realização desta reunião e pelo seu empenho pessoal no encontrar de uma solução para esta questão. O seu apoio e o apoio de outros Deputados é muito importante.

Em Portugal tive oportunidade de interpelar o Governo sobre esta questão em Março passado. O Ministério dos Negócios Estrangeiros respondeu dizendo que estava a acompanhar a situação através da nossa Embaixada o que é verdade. O Ministério da Educação, responsável pela assinatura do acordo com a França, não respondeu.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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