João Salaviza e Renée Mesura distinguidos em Cannes
O filme “A Flor do Buriti”, da realizadora brasileira Renée Nader Messora e do português João Salaviza, foi esta sexta-feira distinguido na secção “Un Certain Regard” do Festival de Cinema de Cannes.
O júri atribuiu o prémio de Melhor Equipa ao filme “A Flor do Buriti”, distinguindo assim ambos os realizadores e também o povo Krahô, do Brasil, que protagoniza a obra.
Os dois realizadores são distinguidos na mesma secção onde, em 2018, receberam o prémio especial do júri com o filme “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.
“A Flor do Buriti” foi rodado com o povo Krahô, do Brasil, na terra indígena Kraholândia, onde já tinham feito “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.
Em nota de imprensa, os realizadores lembraram que, “em 1969, durante a Ditadura Militar, o Estado Brasileiro incita muitos dos sobreviventes a integrarem uma unidade militar. Diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre a sua ‘terra sangrada’, reinventando diariamente as infinitas formas de resistências”.
Para o Festival de Cannes, o filme presta um “extraordinário tributo à capacidade de resiliência daquele povo indígena e à luta pela liberdade”, enquanto o jornal Le Monde destacou a “grande magia poética”.
O nome do filme faz referência à flor do buriti, um tipo de palmeira selvagem que cresce no Brasil, e que se encontra no meio da comunidade Krahô.
Esta semana, por ocasião da estreia mundial do filme em Cannes, indígenas brasileiros e membros da equipa do filme manifestaram-se, na passadeira vermelha, pelo direito à terra dos povos nativos do Brasil.
Em 2018, aquando da estreia de “Chuva é cantoria na aldeia dos mortos”, João Salaviza e Renée Nader Messora, com a sua equipa, também alertaram para “o genocídio dos povos indígenas” no Brasil.
Para o realizador português João Salaviza, esta é a terceira vez que é premiado em Cannes. Em 2009 recebeu a Palma de Ouro de melhor curta-metragem com o filme “Arena”.
O Prémio “Un Certain Regard” foi para “How to Have Sex”, da realizadora baseada em Londres Molly Manning Walker.
O Prémio Especial do Júri, presidido pelo ator norte-americano John C. Reilly, foi para “Les Meutes”, do realizador marroquino Kamal Lazraq, e o de Melhor Realização, para a sua compatriota Asmae El Moudir, por “La Mère de tous les Mensonges”.
“Goodbye Julia”, do sudanês Mohamed Kordofani, recebeu o Prémio Liberdade.
O Prémio Nova Voz, de revelação, foi para “Augure”, do artista de origem congolesa Baloji.
O 76.º Festival de Cinema de Cannes termina no sábado com o filme de animação “Elemental”, de Peter Sohn.