Este vídeo não me sai da cabeça: uma criança nascida em Portugal (e mesmo se não fosse) não pôde crescer e continuar a ser criada no nosso país porque o pai, originário do Bangladesh, sentiu (e bem) que não estavam reunidas condições de segurança.
Não é preciso puxar muito pela imaginação para compreender este homem. Imagine-se um emigrante português, um “árabe da europa” num bairro de Champigny, nasce a filha em França e, no mesmo momento, vê que há grupos de neonazis que fazem manifestações com cartazes contra os portugueses, que organizam caças aos portugueses, vê agressões aos portugueses, vê cartazes e tags de ódio aos portugueses colados e pintados nos sítios onde vive e por onde passa, liga a televisão e ouve responsáveis políticos em total impunidade vociferar ódio aos portugueses. Imagine-se ainda que enquanto português a aparência não oferece nenhuma ambiguidade sobre a sua suposta não pertença ao país. Como não ter medo? Portugal poderia pedir contas a França. Que estaria o país de acolhimento a fazer para proteger quem vive no seu território? Quem aí nasce?
Precisamos, também, de pedir contas ao nosso país. O que está Portugal a fazer para proteger estas pessoas, para que não tenham medo, para que as filhas possam crescer no país onde nasceram?
Para muita gente eles “já passaram”…
Luísa Semedo