O Governo do Hamas elevou esta sexta-feira o número de mortos na Faixa de Gaza para 12 mil, em resultado da guerra iniciada em 07 de outubro entre Israel e o movimento islamita palestiniano.
Entre as mortes registadas até à data incluem-se cinco mil crianças e 3.300 mulheres e cerca de 30 mil pessoas ficaram feridas, detalhou o Governo palestiniano do Hamas.
O Ministério da Saúde, por sua vez, afirma que dezenas de corpos estão espalhados nas ruas do norte da Faixa de Gaza e que é impossível contá-los devido à intensidade dos ataques israelitas.
O número real de vítimas em Gaza é “provavelmente muito superior” ao anunciado, uma vez que a atualização dos dados esteve parada por cinco dias devido ao colapso das comunicações no enclave, segundo a ONU.
Num ‘briefing’ na Assembleia-Geral da ONU sobre a situação humanitária na Faixa de Gaza, Martin Griffiths, o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, afirmou hoje que, além do colapso da rede de comunicações – devido à falta de combustível -, a contabilização real do número de vítimas é dificultada pela demora em descobrir corpos debaixo dos destroços.
“Mais de 41.000 unidades habitacionais foram destruídas ou gravemente danificadas – o que representa cerca de 45% do parque habitacional em Gaza”, disse, em referência aos danos causados pelos ataques das tropas israelitas.
Há poucos ou nenhuns cuidados médicos disponíveis no norte de Gaza, afirmou Martin Griffiths, apontando que, dos 24 hospitais com capacidade de internamento no norte do enclave, apenas um – o al-Ahli – está atualmente operacional e a admitir pacientes.
Dezoito hospitais foram fechados e evacuados desde o início das hostilidades e outros cinco – incluindo o al-Shifa, privado de eletricidade três dias após a entrada das forças israelitas -, prestam serviços extremamente limitados a pacientes que já foram internados.
Por mais terrível que seja a situação em Gaza, “poderá piorar muito”, avaliou o subscretário-geral, admitindo verdadeiras preocupações de que, se não forem adotadas medidas imediatas, este conflito possa ramificar-se ainda mais para outras partes do Território Palestiniano Ocupado e arrastar a região “para uma conflagração com consequências ainda mais catastróficas”.
Griffiths recordou ainda os cerca de 240 reféns detidos pelo grupo islamita Hamas, “desde bebés a octogenários”, que enfrentam mais de 40 dias de cativeiro.
“Eles devem ser libertados imediatamente e sem condições. Entretanto, devem ser tratados com humanidade e poder receber visitas do Comité Internacional da Cruz Vermelha”, apelou.
Também o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, participou na sessão, considerando “lamentável” e “patética” a quantidade de ajuda permitida até agora em Gaza, defendendo a necessidade de se reabastecer rapidamente os hospitais, reconstituir a força de trabalho da saúde e garantir que os serviços de saúde estão protegidos.
Até agora, a OMS verificou 152 ataques aos cuidados de saúde em Gaza, 170 na Cisjordânia e 33 em Israel, que incluem ataques a hospitais, clínicas, ambulâncias, profissionais de saúde e a pacientes.
A guerra entre Israel e o Hamas, que entrou hoje no 42.º dia, foi desencadeada pelo ataque sangrento do movimento islamita palestiniano em 07 de outubro em solo israelita a partir da Faixa de Gaza, onde tomou o poder em 2007, deixando cerca de 1.400 mortos e o cativeiro de mais de 200 reféns supostamente transportados para o enclave.
Em retaliação, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas, bombardeando implacavelmente o território sitiado onde estão amontoados 2,4 milhões de palestinianos, a que seguiu uma operação terrestre desde 27 de outubro.
O Ministério da Saúde do Hamas disse que 24 doentes morreram em 48 horas no hospital al-Shifa, localizado no norte da cidade de Gaza, devido à falta de combustível para alimentar os geradores.
A situação “é catastrófica” para os pacientes, cuidadores e deslocados que ali encontraram refúgio – cerca de 2.300 pessoas segundo a ONU – sem eletricidade, “nem água e alimentos”, lamentou o diretor do hospital.
Pelo segundo dia consecutivo, nenhuma ajuda conseguiu entrar na Faixa de Gaza através da passagem de Rafah, no Egito, disse a ONU, com os seus veículos retidos devido à falta de combustível.
Mais tarde, Israel disse que o gabinete de guerra autorizou a entrada de dois camiões de combustível diariamente. Segundo uma autoridade norte-americana, as viaturas devem começar a ser enviadas no sábado, quando o Programa Alimentar Mundial das (PAM) alertou na quinta-feira para o “risco imediato de fome” em Gaza, onde os alimentos e a água são “quase inexistentes”.
Segundo a ONU, 1,65 dos 2,4 milhões de habitantes do território palestiniano foram deslocados pela guerra.