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Fragmentos de Vida

É ter fome, é ter sede de infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito.

(Florbela Espanca – Ser Poeta)

Esta é a pergunta que faço a mim mesmo. O que define um Poeta. O que é ser Poeta.

Provavelmente Florbela Espanca soube-o definir no seu poema, Ser Poeta.

“É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além dor”

Para mim, no fundo é isto que define um Poeta. O rico é nas ostentações que se define, o doutor, nos diplomas que alcançou, o tipo de sucesso nas conquistas que vai amealhando, e o Poeta, que também pode ser isso tudo, (não há nada de errado em ser rico, doutor, ou o tipo de sucesso) é a verdadeira essência do que é ser um ser-humano, aquele mendigo despido de títulos e ostentações, que dá como se fosse Rei do Reino de Aquém e Além dor.

É aquele onde a fé na alma humana se deposita como um raio de esperança. É aquele que tem essa alma inquieta, num corpo aparentemente calmo. É aquele que torna a dor suportável e que fala do amor com sofrido encanto.

O Poeta encontra-se a si mesmo na poesia. Ela é o diagnóstico perfeito da sua vida e da sua vivência nela. É onde se encontra aquele que por existir, quiçá por vezes em momentos da sua vida quase perdido, nem sempre os que consigo coabitam o veem. E por essa razão, o Poeta desmascara-se a si mesmo através da sua poesia.

Por essas e outra razões é que, é sempre com muito agrado quando recebo uma oferta de um livro, neste caso de poesia, e essa oferta faz um longo caminho desde o sul de Portugal até ao norte de Inglaterra.

Desta vez do Poeta Elmiro Barbeiro que teve a gentileza de me enviar uma cópia do seu recente livro de poesia, “Fragmentos de Vida”.

“Fui ao baú de memórias

À procura de recordações

Encontrei lindas histórias

Carregadas de emoções”

Elmiro de Jesus Barbeiro nasceu a 20 de Setembro de 1948, em Lagoaça, Concelho de Freixo de Espada À Cinta.

Confessa-se um verdadeiro apaixonado pela leitura, em especial a poesia, e neste livro reuniu um conjunto de poemas que foi escrevendo ao longo da sua vida nas mais diversas situações e por esse motivo se vai desvendando algumas das suas emoções e sentires em relação ao amor, à saudade, à verdadeira essência da família, mas também ao bom sentido de humor com que, em alguns versos recorda situações e vivências de outros tempos, que demonstram um modo de viver muito particular das gentes transmontanas.

Alguns dos seus versos referem a sua aldeia em Trás-os-Montes, Lagoaça, e descrevem algumas das paisagens únicas deste pequeno paraíso transmontano, como um verdadeiro testemunho de beleza e encanto paisagístico.

O Poeta Elmiro Barbeiro escreve com grande paixão e sentimento, mas também com sentido de humor, o que, na minha modesta opinião como apaixonado pela leitura e com um carinho especial pela poesia, se encaixa naquela definição de Florbela Espanca,

“É ser mendigo e dar como quem seja

Rei do Reino de Aquém e de Além dor”

é a verdadeira essência do que é ser um ser-humano, aquele mendigo despido de títulos e ostentações, que dá como se fosse Rei do Reino de Aquém e Além dor.

Fragmentos de Vida é isso mesmo, um livro onde o Poeta se encontra a si mesmo nas poesias que escreveu ao longo de uma vida e algumas delas as reuniu neste livro.

“Não sei como cavalgar

Esta distância que nos separa

Não sei como esconder

Este desejo que me acalenta

Não sei como encontrar

A paragem do destino

A estrela que me guia

A musa que me inspira

A luz que ilumina o meu caminho

Não sei


Sei apenas que

O meu pensamento não pára

E entre pedras de granito seculares

Saltito e grito

E choro de alegria

E revejo-me

Como se ainda fosse uma criança

(Do livro – Fragmentos de Vida – Elmiro Barbeiro)

De salientar também que este livro de poemas, “Fragmentos de Vida” tem uma serie de fotografias a acompanhar muitos dos poemas, fotografias essas desde o sul de Portugal – Alvor, Elvas, Campo Maior, Beja, Troia, Setúbal ao norte Transmontano, com especial destaque para Lagoaça.

“A sua vida quotidiana tipicamente rural, os seus recantos e soalheiras de Inverno, a pureza bucólica do seu ar e da sua paisagem, fazem de Lagoaça uma aldeia rural transmontana apetecida por muitos e que é o orgulho dos seus naturais.

O Miradouro da Cruzinha coloca-a sobranceira ao rio Douro num declive acentuado, onde a nossa vista se enche de espaço e respeito contemplativo da natureza.” (excerto de um texto da junta de Freguesia de Lagoaça.)

O livro Fragmentos de Vida retrata toda essa beleza de maneira bem explicita e bela. 

António Magalhães

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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