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Filme português entra na competição do festival de Locarno

© DR

“Fogo do Vento”, a primeira longa-metragem da realizadora portuguesa Marta Mateus, foi selecionada para a competição internacional da 77.ª edição Festival de Cinema de Locarno, na Suíça, que vai decorrer de 07 a 17 de agosto.

O anúncio foi feito hoje em Locarno pelo diretor artístico do festival, Giona A. Nazzaro, na apresentação da programação que conta com mais três cineastas de origem portuguesa: Carlos Pereira, Denise Fernandes e Edgar Pêra.

“Fogo do Vento” é um dos 17 filmes selecionados para a competição internacional e o único português na mais importante secção do festival.

O filme acompanha alguns dos protagonistas do filme anterior da realizadora, a curta-metragem “Farpões Baldios”, aprofundando histórias de uma comunidade alentejana, “num filme político que convoca a memória das gerações anteriores”, indo “da resistência à ditadura salazarista ao tempo presente, numa reflexão sobre guerra e paz”, que marca “a importância do seu discurso no atual contexto mundial”, segundo a sua apresentação.

A primeira longa-metragem de Marta Mateus é uma coprodução da portuguesa Clarão Companhia, da realizadora e do cineasta Pedro Costa, com a suíça Casa Azul Films e a francesa Les Films d’Ici. “Fogo do Vento” sucede à premiada “Farpões Baldios”, estreada no Festival de Cannes, na Quinzena dos Cineastas, em 2017.

A competição internacional, candidata ao Leopardo De Ouro, o prémio máximo de Locarno, inclui ainda novas obras de realizadores como o sul-coreano Hong Sangsoo (“Suyoocheon”), da espanhola Mar Coll (“Salve Maria), do britânico Ben Rivers (“Bogancloch”) e do realizador chinês Wang Bing (“King chun Ku”).

Para a competição internacional está também selecionada “Transamazónia”, coprodução franco-alemã comparticipada por Brasil, Suíça e Taiwan, dirigida pela sul-africana Pia Marais.

A secção Cineastas do Presente, dedicada a obras iniciais de novos realizadores, tem a concurso a longa-metragem “Hanami”, da realizadora portuguesa de origem cabo-verdiana Denise Fernandes, formada na Suíça.

O filme centra-se na história de uma família de “uma ilha vulcânica remota”, de onde toda a gente quer partir, mas onde uma criança, “a pequena Nana, aprende a ficar”. Nesse lugar que remete para a Ilha do Fogo, em Cabo Verde, Nana “encontra um mundo repleto de realismo mágico, entre o sonho e a realidade”, indica a sinopse.

“Hananimi” é uma co-produção luso-suíça-cabo-verdiana, com participação da Alina Film, da Televisão Suíça-Italiana e da portuguesa O Som e a Fúria.

O realizador português Carlos Pereira, que trabalha na Alemanha, foi selecionado para a competição internacional da secção Pardi di Domani (Leopardo de amanhã), dedicada a “cineastas do futuro”, com a curta-metragem “Icebergs”, de produção alemã.

Extra competição será exibido “Cartas Telepáticas”, de Edgar Pêra, filme que relaciona as obras literárias de H.P. Lovecraft e Fernando Pessoa, numa produção da Bando à Parte, de Rodrigo Areias.

Locarno homenageará a realizadora Jane Campion, que dirigiu “O Piano”, com o Leopardo de Honra de carreira, e o sonoplasta norte-americano Ben Burtt, conhecido pelo trabalho em “Star Wars”. Será também distinguido o realizador de animação Claude Barras, autor de “A minha vida de courgete”

As retrospetivas abrangem os antigos estúdios norte-americanos Columbia, onde se destacaram cineastas como Howard Hawks e Fritz Lang, e um ciclo dedicado a “Histórias do Cinema”, que vai de filmes de Steven Sorderbergh, Idrissa Ouédraogo, Krzysztof Kieslowski e Samuel Fuller, ao cinema experimental de Stan Brakhage, sem esquecer “Mulher de Verdade”, uma produção brasileira de 1954, de Alberto Cavalcanti.

O festival abrirá com “The Crowd” (“A Multidão”), de King Vidor, um clássico do cinema mudo que será acompanhado pela Orquestra da Rádio Suíça-Italiana.

O cartaz da 77.ª edição, com a imagem de um leopardo, é da autoria da fotógrafa norte-americana Annie Leibovitz.

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