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Figurões e peripécias de 2018

Pois é, pois é… 2018 encontra-se mesmo a dar o último suspiro, assassinado por 365 dias de estúpidos excessos e palermas peripécias cometidas pelos terráqueos, ao ponto de estar já nos cuidados intensivos ligado à máquina sem esperança possível de recuperação. São precisamente algumas dessas peripécias que “deram cabo” de 2018 que pretendo aqui recordar consigo, querida leitora e estimado leitor.

Comecemos por recordar o ataque à academia do Sporting. As imagens de um grupo de dezenas de encapuzados fortemente armados em… parvos a invadir um complexo desportivo correu mundo e fez mais pela segurança interna de Portugal do que a aposta num exército armado até aos dentes com armas de última geração. Afinal, qual é o radical islâmico que se arrisca a vir a Portugal fazer o que quer que seja depois de ter visto o que se passou na academia sportinguista? Arriscar-se a dar de caras com Mustafá? Livra!!! Só não compreendi a prisão de Bruno de Carvalho no meio de todo um grande circo mediático. Mas o governo já não tinha proibido a exibição de leões em circos?

E já que estamos numa de (anti)desporto, recordemos também o caso “e-toupeira” que, não obstante ter por base mails e mais mails (tudo virtual, portanto), foi dos casos que mais tinta fez correr no futebol português ao longo de 2018, tendo ficado à mostra de todos que a justiça portuguesa merece, claramente, um cartão vermelho, sendo quase certo que, no final, apenas a águia Vitória irá a julgamento por ter debicado, aqui e ali, as toupeiras…

Continuando nas desgraças, tivemos a derrocada da EM 255, percurso que nem os artistas do Cirque du Soleil se atreveriam a fazer caso conhecessem as reais condições da via. Grande artista que nos saiu na rifa foi António Anselmo, embora não saibamos se estaria ou não sob a influência do álcool, quando há dias admitiu ao “Público” que conhecia as reais condições da via e do perigo que ela representava. O melhor mesmo é esperar pelo fim deste período festivo, até que a quantidade de álcool no sangue baixe para níveis aceitáveis e depois logo se vê, não é senhor presidente? É que daqui a pouco o homem está-nos a dizer que foi ele próprio quem provocou o deslizamento de terras e empurrou os veículos para o abismo. Deem-lhe mas é um chazinho de camomila, óptimo para desintoxicações. Independentemente de tudo o que se tem dito, uma coisa é certa: desde os tempos áureos de Cicciolina que não assistíamos a buracos de tão grande dimensão onde parecem caber tudo, mas tudo mesmo!

Sobre Tancos já muito se disse e muito se escreveu, mas parece que a novela para-militar ainda não terminou. De facto, parece que em termos de surripianço existe um alto nível de cooperação entre as nossas forças de segurança ou não tivesse o assalto a Tancos o objectivo de angariar munições para as pistolas Glock roubadas seis meses antes do armeiro da PSP. Houvesse este nível de profícua cooperação para o bem e seriamos um país a dar cartas em matéria de segurança nacional e internacional! Inclusive, um dos polícias suspeitos do roubo das pistolas Glock é delegado sindical. Deve ser daqueles que, nas ‘manifs’ em prol da classe, anda com cartazes do tipo “Queremos mais e melhores armas”! Já o último suspeito do assalto de Tancos entrou há dias para a GNR. Bem, pelo menos, fartou-se de levar na tromba do “Red Man” no curso de formação da GNR em Portalegre, valha-nos ao menos isso. E no meio desta comédia militar toda, já só falta o ladrão de Tancos (ex-militar, referenciado pelas polícias como traficante de drogas e de armas) vir apresentar queixa crime contra o exército Português e o Ministério da Defesa por difamação e deturpação da sua imagem profissional: “Eu sou um ladrão a sério e não precisei da ajuda de ninguém!!!”. E se Tancos é encenação e se encenação é cultura, então porque não se cria o Ministério da Defesa e Cultura?
Em 2018 Pedro Proença foi surpreendido com “inexplicável exclusão do futebol” da redução de IVA. De facto, existem muitos jogadores com grande talento para a representação teatral, isso ninguém pode negar…

Foi o ano em que a informação da RTP ficou mais florida: Caiu o dente, nasceu uma flor num Outono marcado pelo caso Ronaldo. Paulo Dentinho saiu pela porta de trás da RTP depois de publicar dois ‘posts’ controversos no facebook sobre a polémica em torno da alegada violação de Cristiano Ronaldo a uma jovem norte-americana, em 2009, nos quais atacava ferozmente o jogador português e defendia com unhas e dentinhos Mayorga. Note-se que nesses ‘posts’, por cada duas palavras, Dentinho proferia três asneiras. Um director de informação de uma estação pública a usar linguagem vernácula ao mais alto nível! “Um espectáculo”, como diria Fernando Mendes do Preço Certo!
E já que estamos a falar de um dos casos que mais marcou 2018, o que se me oferece dizer sobre o mesmo? Que CR7, qual bom macho português, nunca enganou ninguém, senão atentem bem na sua sigla: C-(us), R-(atas), 7-(dias por semana)-CR7. Ai pensavam que CR7 queria dizer “Cristiano Ronaldo-Número 7”? Mas que anjinhos! Agora, não me parece nada normal que só passados nove anos é que Mayorga venha colocar o caso na agenda mediática quando o mesmo ficou resolvido na altura, uma vez que ela quando teve a suposta relação com Ronaldo já era maior de idade. E nove anos para partilhar com o mundo que apanhou no traseiro sem consentimento não é, convenhamos, lá muito usual. Se a sua relação tivesse sido com um simples operário fabril, certamente que Mayorga não estaria a montar todo este circo mediático. Esta é a minha opinião, mas, enfim, à justiça o que é da justiça! E, claro, que se é sexo, só pode ser com consentimento! Para terminar o meu comentário a este caso, deixo aqui uma dica a Cristiano Ronaldo: Escuta uma coisa, Cristiano, em tribunal quando o juiz te perguntar se a relação anal foi com ou sem consentimento, responde-lhe assim – “Garanto-lhe que foi com(todo o meu)sentimento, Sr. Dr. Juiz!”.

Antigamente, o Outono era caracterizado pela queda das folhas das árvores. Hoje em dia, com as alterações climáticas, o Outono é caracterizado pela queda das próprias árvores e também de ministros. É verdade! Em 2018, o furacão Leslie levou pelo ar os ministros da saúde, da economia e da cultura, fazendo um favor a António Costa que andava a engonhar, a engonhar sem ter coragem de fazer uma remodelação governamental fazia tempo. Costa tem este problema: agarra-se aos seus ministros e depois é um problema para os mandar embora, independentemente da porcaria que façam ao serviço da nação! Por isso, Costa bem que pode estar agradecido aos fenómenos climatéricos extremos que lhe fizeram uma “limpeza” no governo. É o Costa e também a CMTV, a qual bate recorde atrás de recorde à custa destes fenómenos extremos da natureza, tendo ficado à beira dos três milhões de espectadores. É caso para dizer que as audiências se conquistam à custa de furacões (e de furaconas, ui ui)…

E quem foi o escritor português ou estrangeiro que mais se destacou no campo da literatura em 2018? O romancista Jacinto Lucas Pires com “A Gargalhada de Augusto Reis”? A estreante Gail Honeyman com “A Educação de Eleanor”? O poeta João Miguel Fernandes Jorge com “Fuck The Polis”? Nada disso! Quem mais se destacou, a nível mundial, na literatura foi sem sombra de dúvida, Aníbal Cavaco Silva com “Quinta-Feira e Outros Dias – Livro 2: Da Coligação à Gerigonça”, uma espécie de diário secreto onde Cavaco revela conversas e pormenores sobre a sua relação com Pedro Passos Coelho assim como os bastidores que levaram à formação da célebre “geringonça” que governa Portugal. Ao longo das quase 600 páginas do livro, Cavaco critica duramente António Costa, nomeadamente a atitude descontraída com que encarava os problemas complexos e graves. Crítica completamente ao lado! Já deu para ver, por exemplo, com o caso do roubo de Tancos que não é bem assim: Costa demitiu imediatamente o Ministro da Defesa. Ok… demitiu ao fim de um ano e picos, mas demitiu eh eh eh. Para Cavaco, Paulo Portas revelava infantilidade e Passos Coelho tinha falta de experiência governativa. Cavaco diz também no seu livro que António José Seguro era… inseguro! Só por este último silogismo, o professor Cavaco merecia o Prémio Nobel da Literatura! Brilhante, sem dúvida, a utilização da sátira ao mais alto nível na sua obra: chamar “artista” a Costa, “infantil” a Portas, “inexperiente” a Passos e “inseguro” a Seguro só está ao alcance dos grandes mestres da literatura e das letras mundiais e Cavaco fê-lo! Se Cavaco for laureado com o Nobel da Literatura, aposto que Saramago se levantará do chão, ou melhor, do seu túmulo, severamente indignado, pois foi num dos governos de Cavaco Silva que o seu nome foi vetado para o Prémio Literário Europeu, pelo então subsecretário de Estado da Cultura, Sousa Lara!

Foi também o ano em que foi detido o jihadista que terá ordenado o ataque ao jornal satírico Charlie Hebdo. Não, não foi a ministra da cultura portuguesa. Graça Fonseca apenas odeia jornais portugueses. À imprensa francesa, ela até acha chique deitar uma vista d’olhos…

2018 foi o ano em Rui Rio estabeleceu a regra de que quanto mais incómodo for o assunto em questão, mais complexa e difícil é a língua com que responde aos jornalistas. Assim, a perguntas sobre o falso registo de presenças de secretários-gerais do partido no parlamento, Rio responde em Alemão. Já sobre questões mais delicadas, como por exemplo, como pensa ganhar a António Costa nas legislativas de 2019, o líder do PSD talvez comece a responder em mandarim aos repórteres. E já que falamos de secretários-gerais do PSD, fonte segura fez-me chegar esta conversa entre José Silvano e Emília Cerqueira:
-Ó Zé, a tua password é demasiado curta!
-Ai é? Pois, e a tua está toda relaxada!

Foi o ano em que Los Angeles removeu a estátua de Colombo, o “responsável por um genocídio”. Com tanto “politicamente correcto” e tanto “relativismo cultural”, o Estado Português ainda vai ser processado por vários genocidios à escala global. E aí teremos um Portugal mais temido do que a Coreia do Norte.

No plano político internacional foi, sem dúvida e sem Lula, o ano de Bolsonaro! Ironicamente Jair Bolsonaro bem que pode “agradecer” ao seu agressor pela facada, pois esta valeu-lhe a eleição de presidente do Brasil à semelhança do que aconteceu por cá com Mário Soares, depois de ter sido agredido à bofetada e à paulada na Marinha Grande por um grupo de operários desempregados. Bolsonaro foi eleito porque usa uma linguagem básica, instintiva e, acima de tudo, populista. Um perigo à democracia como a conhecemos? Sim, com certeza! Mas até dentro da União Europa os populismos estão a ganhar terreno a olhos vistos porque as actuais soluções políticas existentes não estão a conseguir solucionar os problemas dos cidadãos europeus nem das sociedades onde vivem. Ou a política é reinventada, e urgentemente, ou os populismos virão ao de cima e aí será o fim do projecto europeu comum como o conhecemos. Se pedirem a Bolsonaro para resolverem o problema dos terroristas nos aviões, ele é bem capaz de dizer que a solução passa por dar a cada passageiro uma arma para assim cada um se poder defender dos eventuais terroristas. Estão todos muito preocupados com o pensamento de Bolsonaro. Sosseguem pessoal: pelo que tenho observado, Bolsonaro não tem pensamento político propriamente dito. Bolsonaro vai ao sabor da corrente populista do momento. Os brasileiros votaram em Bolsonaro porque a alternativa que se lhes apresentava era, aparentemente, mais do mesmo, ou seja, corrupção, imoralidade, sacanagem (pelo menos, a alternativa a Bolsonaro não se conseguiu descolar deste infeliz histórico)! E quando não há uma alternativa clara de futuro, quando não existe um projecto de desenvolvimento societal credível, aí vence o populismo! Com Bolsonaro não se sabe bem para onde caminhará o Brasil, mas uma coisa é certa: Bolsonaro bem que pode agradecer ao PT e aos seus líderes o facto de ter sido eleito o 38º presidente da República Federativa do Brasil…

Foi o ano em que o Papa pediu mais mulheres em lugares de responsabilidade na Igreja. Uma dúvida: um bispo de saias conta como mulher?

Também foi o ano em que foi descoberto um sistema de duas estrelas que pode gerar uma das maiores explosões do Universo. Deve ser uma espécie de ponto G do universo…

2018 foi o ano em que nos deixou, aos 76 anos, o físico teórico Stephen Hawking. Stephen Hawking foi a prova viva de que todos nós, independentemente das nossas limitações físicas e motoras, podemos ir até onde a imaginação e o engenho e a arte humana nos permitir alcançar! Autor de uma obra valiosíssima e extensa, destaco aqui uma frase do seu livro póstumo (“Breves Respostas Para Grandes Questões): “Deus não existe”. Ok, se ele diz isso depois de ter morrido é porque deve ser mesmo assim. Chegou lá ao lugar onde se chega depois de morrer e começou a locomover-se e a falar normalmente e disse perante um vulto alto e barbudo (recorde-se que Stephen Hawking era ateu): “Afinal tu existes mesmo, meu Deus”; Ao que essa figura alta e barbuda lhe respondeu: “Qual Deus, qual quê, sou um cientista, sê bem-vindo ao futuro, ao século XXXI”. Recordo que Hawking acreditava na possibilidade de viajarmos no tempo e quem sabe se a morte não é uma transição temporal? Curiosamente Hawking nasceu no ano em que se assinalavam 300 anos da morte de Galileu e morreu precisamente no dia do 139º aniversário do nascimento de Albert Einstein. Meras coincidências espácio-temporais?

Muito mais haveria para dizer sobre o ano que agora termina, mas limitações espácio-temporais (e de cansaço, porque a noite já vai longa) levam-me a ficar por aqui antes que vá parar inadvertidamente ao século XXXI e depois é uma chatice, não concorda fantástico leitor que já se prepara ansiosamente para o Réveillon? Então vá lá, divirta-se o mais que puder, coma as doze passas, peça os doze desejos e VOTOS DE UM ANO NOVO MESMO BOM BOM BOM!!!

Daniel Luís

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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