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Fechou um dos mais antigos jornais da emigração na Europa

“Quero agradecer publicamente as imensas mensagens de apoio e acreditem que este é um momento muito difícil”, explicou nas redes sociais Adelino Sá, o fundador e diretor do jornal Gazeta Lusófona, editado na Suíça desde 1998.

Adelino Sá anunciou assim o fim da publicação que dirige, num editorial cheio de emoção onde explica que encerra o jornal. “É um modo de despedida neste período doloroso e muito delicado – que teria de chegar um dia”, explica o jornalista, acrescentando que “a idade começa a pesar e os problemas de saúde também se começam a avolumar”.

A Gazeta Lusófona encerra agora também por causa da pandemia e do confinamento, segundo Adelino Sá. “Esta paragem também veio trazer ao de cima todas as debilidades do foro económico e muito especialmente para quem tem um projeto que depende de terceiros, como é o nosso caso”, esclarece.

O jornal Gazeta Lusófona foi inicialmente concebido e criado no mês de Setembro de 1998. O projeto foi pensado, essencialmente, para a comunidade portuguesa residente na Suíça, que está espalhada por todo o território helvético. O jornal era mensal e tinha uma tiragem média mensal de 6.000 exemplares.

Leia aqui na íntegra o editorial assinado por Adelino Sá sobre o fim da Gazeta Lusófona:

“Tudo na vida tem um princípio e um fim e, assim, estou em crer, estamos no final de um ciclo. Tenho a sensação de que este momento – é um modo de despedida neste período doloroso e muito delicado – que teria de chegar um dia, é certo, mas ao que parece chegou muito mais cedo do que previa e talvez este seja o momento de vos dizer até sempre. No entanto, apesar de estarmos a findar um ciclo, creio que a comunidade portuguesa necessita de continuar a promover causas e abraçar projetos, incentivar ideias em prol do interesse comum. Mas, pelo nosso lado, este período mais obscuro, devido a esta pandemia, que veio trazer ao de cima todas as nossas imensas fragilidades, faz com que vos escreva estas palavras de despedida de uma forma muito sentida e com imensa mágoa. A idade começa a pesar e os problemas de saúde também se começam avolumar. Chegou o momento de me despedir depois de 22 anos de atividade. Creiam-me que não é uma decisão fácil e que de certeza nem todos vão entender.

Somos confrontados todos os dias com notícias que nos deixam devastados e a verdade é que a economia quase como por milagre parou na maior parte dos países e o confinamento foi obrigação em defesa da saúde pública. Em alguns países mais do que outros, claro está. Esta paragem também veio trazer ao de cima todas as debilidades do foro económico e muito especialmente para quem tem um projeto que depende de terceiros, como é o nosso caso. São muitos os economistas que preveem que se avizinham dias muito difíceis para todos. De verdade, mais difíceis para uns do que para outros.

Não desejo alongar-me muito mais – o momento só por si já é demasiado penoso – mas creiam-me, todos aqueles que me conhecem sabem que assim sempre foi; dei desde o inicio o melhor de mim em enaltecer e divulgar o melhor da nossa comunidade, que é rica de valores e profunda de sentimentos patrióticos, com uma dedicação e amor incomensurável à terra que os viu nascer, carregando consigo os nossos costumes e tradições.

Até sempre e espero que fiquem com as boas recordações deste projeto, ao qual foi dado o nome de Gazeta Lusófona desde o ano de 1998.”

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