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Fantoche

assim que ela entra em casa
e me encontra todo pra baixo,
triste, com a vida tão rasa,

tão só, sem rumo, sem nexo,
me olha e com pena se despe, no seu corpo todo me encaixo;

me deixa inteiro em brasa,
me molha, me usa, lambuza, levanta e fala: “é só sexo”;

com nojo se limpa e se veste;
e diz: “palhaço, segura tua barra,
tu não tens nada que preste.

vê se de mim te desamarra
e finalmente me deixa viver.
foi contra a minha vontade

que te dei o meu corpo agora
e não tive nenhum prazer:
não foi por amor, foi caridade”;

aí, abre a porta e vai embora.
me deixa de alma nua por dentro
e o corpo despido por fora.

ela volta mas nunca demora
e esta cena sempre se repete.
por amar quem só me explora,
sou deste palco a marionete.

Remisson Aniceto (2017)

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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