De que está à procura ?

Portugal

Emigrante interpela Marcelo em Murça: “continua tudo igual”

© Lusa

De visita a Murça, sob o pretexto de se deslocar a áreas afetadas pelos incêndios em Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa foi confrontado por dois homens que, visivelmente indignados e zangados, gritaram as mais variadas críticas aos partidos e ao Presidente, chegando a dizer que Marcelo “engana os portugueses” e “não faz nada” — críticas que o Presidente classificou depois como “partidarizadas” e próprias de quem “não ganhou eleições”.

Pelas ruas de Murça, e rodeado por uma bolha de jornalistas e pelos seus seguranças, Marcelo ouviu os protestos gritados pelos dois cidadãos durante alguns minutos, quase sem conseguir falar ou responder. Um deles começou por se focar na situação dos incêndios, recordando que quando era “pequenino” andava “com mangas e baldes a apagar fogos” e que agora, 40 anos depois, “continua tudo igual”.

Um dos dois homens identificou-se como emigrante gritou que a situação é uma “vergonha”, os dois continuaram a desfiar queixas, passando aos valores recebidos por José Sócrates ou Manuel Pinho.

“O que é que isso tem a ver com os incêndios?”, ainda questionou Marcelo, ouvindo como resposta: “Tem a ver que o senhor é o Presidente da República”. O diálogo continuou: “Isso é com os tribunais”, insistiu o Presidente, para desânimo dos dois interlocutores: “Mas os tribunais não trabalham, senhor Presidente”.

E as queixas, cada vez mais abrangentes, continuaram: “Há 40 anos que não temos saúde, não temos educação, não temos segurança…”.

Marcelo, que visitava as áreas ardidas defendendo que é no inverno, com planeamento, que se começa a prevenir e a preparar a época dos fogos, tentou manter o tom de voz mais baixo e propor: “Vamos falar…”. Do outro lado, e com uma indignação que não é costume o Presidente encontrar nas ruas, nada feito: “Não é falar, é agir!”.

Já uns minutos mais tarde, questionado pelos jornalistas, Marcelo não duvidou em considerar que as críticas não foram inocentes e são “partidarizadas”. “Conjuntamente com a crítica havia críticas a partidos e coisas que não têm nada a ver com nada, portanto era muito partidarizada, politicamente partidarizada”, atirou o Presidente.

E foi mais longe: “Há movimentos de opinião que são mais radicais na crítica, pode até acontecer que um dia o povo lhes dê o poder. Ora houve eleições há pouco tempo e o povo escolheu como escolheu… Compreendo quem não ganha eleições que fique mais contestatário, pode ser que no futuro”.

TÓPICOS

Siga-nos e receba as notícias do BOM DIA