Em que cidade europeia fica mais caro tomar café?
Inspirada pelo famoso BigMac Index, que mede a paridade do poder de compra dos países por relação a esse conhecido produto alimentar, a revista de viagens dinamarquesa Rejsemagasin fez uma análise semelhante mas por relação ao preço de um “café” nas várias capitais europeias.
Apesar de não ser conclusivo qual o entendimento dado à palavra “café” e de nele não reconhecer o preço da famosa “bica”, Pedro Castro, diretor da SkyExpert, empresa especializada na consultoria estratégica para companhias aéreas, aeroportos e turismo, comenta: “tendo em conta o tipo de café que os dinamarqueses bebem e o preço médio atribuido a Lisboa, o mais provável é que se esteja a comparar o preço médio do nosso abatanado nos locais mais centrais da cidade”.
O ranking atribui à capital dinamarquesa o primeiro lugar: um café custa ali 4 euros, apenas 4 cêntimos à frente de Berna (Suiça), mas a 41 cêntimos do terceiro lugar ocupado pela capital finlandesa.
Recém-chegado do Festival Político Europeu que decorreu na Dinamaca e tendo vivido mais de 10 anos na Suíça, Pedro Castro confirma que essa é a impressão geral que tem dos preços nessas duas cidades.
Num total de 42 capitais europeias avaliadas, Lisboa encontra-se em 36º lugar com uma média de 1,13euros. Para Pedro Castro, este valor está ligeiramente inflacionado. “A minha intuição diz-me que o valor médio se situa abaixo de 1 euro, o que nos colocaria ainda mais próximo dos últimos lugares ocupados pelas capitais dos Balcãs de Pristina (Kosovo) e de Skopje (Macedónia do Norte).
Outra conclusão que Pedro Castro retira destes resultados é a questão do preço que se paga pelo produto e do valor dos salários em Portugal, em ambos os casos mais baixo. O aspeto cultural e social da “bica”também conta: na Dinamarca não existe o conceito de beber um café ao balcão de uma pastelaria e seguir caminho. “É mais um acontecimento social quando é tomado fora de casa”, afirma.
O outro lado das estatísticas: inflação, alterações climáticas e euro. A inflação é uma realidade que afeta já o preço da matéria-prima e que se deverá refletir mais severamente no preço ao consumidor a breve trecho. Esta é a conclusão recente de uma análise levada a cabo pela Deutsche Welle (DW). Nalguns mercados, o aumento de preço do café atingiu os 50% entre 2019 e 2022, em parte devido a geada noturna fora de época ocorrida no Brasil, o maior exportador mundial de café, em Julho de 2021.
Como o café é negociado em dólares, a fraqueza do euro tornará esta situação mais frágil. “À medida que outros custos forem sendo ajustados à inflação – como as rendas, energia ou os salários – o próprio preço final sofrerá alterações pelo que esta lista de preços deverá ser reanalisada muito em breve”, sugere Pedro Castro. “A instabilidade causada pela dependência da produção russa de fertilizantes também não ajuda”, prossegue. Já as alterações climáticas comprometem algumas das colheitas, em particular as do café Arabica, considerado de melhor qualidade para consumo, tornando-as mais instáveis em qualidade e quantidade.
O estudo comparativo completo com todas as capitais está referenciado, em língua dinamarquesa, aqui.