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Eleições não devem afetar portugueses na Alemanha

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Apoiantes dos dois principais partidos na corrida às eleições legislativas alemãs, Susana dos Santos Herrmann e Maria do Céu Campos não acreditam em mudanças significativas para a comunidade portuguesa na Alemanha, seja qual for o próximo governo.

As duas têm participado nas ações de campanha dos partidos que apoiam, o Partido Social Democrata (SPD), que segue à frente nas intenções de voto, e a União Democrata-cristã (CDU), partido da chanceler Angela Merkel.

Os maus resultados das sondagens não desincentivam a portuguesa Maria do Céu Campos, a viver há 46 anos na Alemanha, a participar na campanha de fim de semana, no mercado de Ravensburg. É na banca da CDU onde se vão comentando os resultados.

“Ainda é cedo”, disse à agência lusa, admitindo ainda assim que, com os dados que têm surgido, “não vai ser fácil à CDU vencer as eleições” de dia 26 de setembro.

“Vai ser uma luta até ao último minuto”, comentou a portuguesa, que já entrou três vezes na corrida às autárquicas. Explica os maus resultados com um candidato, Armin Laschet, que não tem conseguido afirmar-se.

“Na CDU há muita gente que não concorda que Laschet seja o candidato, mas foi eleito em congresso e temos de aceitar. Não ajuda a falta de apoio interno”, lamentou, acreditando que muitas pessoas veem em Olaf Scholz, o nome escolhido pelo SPD, o mais parecido à atual chanceler.

“É o ministro das Finanças de Angela Merkel, mas, sinceramente, não vi que tenha feito nada muito especial. Mas, como ela não se recandidata, e Laschet podia fazer mais e não faz… Substituir Merkel vai ser muito difícil, seja quem for o candidato, porque ela é uma grande mulher”, sublinhou.

Susana dos Santos Herrmann acredita que, à primeira vista, até é possível ver uma proximidade entre os candidatos dos dois partidos, que partilham, desde 2013, o governo numa “grande coligação”.

“O candidato (Scholz), na maneira de estar e fazer política, é certamente parecido com Angela Merkel. Já no que diz e quer, difere. Mas, pelos vistos, as pessoas não têm medo disso, ao contrário do que Armin Laschet quer dar a entender”, realçou a deputada do SPD no parlamento regional do estado federado da Renânia do Norte-Vestefália.

“O eleitorado alemão gosta pouco de revoluções, gosta de evoluções a um passo normal, não muito rápido, nem muito lento. As pessoas notam que, mesmo a Alemanha, que se diz um país moderno, tem a necessidade de evoluir nas infraestruturas digitais, em matéria ambiental e na justiça social”, referiu, assumindo a preferência dos alemães por Olaf Scholz.

A viver em Colónia, Susana dos Santos Herrmann admite estar animada com as sondagens, assumindo a vontade de ver um governo sem a CDU, e com o SPD, os liberais e os Verdes (coligação ‘semáforo’).

“É difícil de prever. Mas não seria a primeira vez que formar um novo governo demoraria o seu tempo (…) Julgo que há possibilidade e vontade dos partidos em chegar a um acordo até ao Natal”, acrescenta.

Para Maria do Céu Campos, será preciso “um milagre” para que as negociações se resolvam rápido, já que o mais certo é serem necessários mais do que dois partidos para governar. Ainda assim, acredita que, seja qual for a cor ou cores do novo executivo, pouco afetará a comunidade portuguesa a viver na Alemanha.

“Fique quem ficar, para nós não haverá diferença nenhuma”, frisou.

“No que diz respeito a temas, por exemplo socioeconómicos, penso que haverá um impacto”, assumiu Susana dos Santos Herrmann.

“Pessoas que procuram uma habitação que possam pagar, também são pessoas de origem portuguesa, tal como aquelas que procuram uma chance no ensino superior. Mas um impacto especial, para os portugueses, penso que não haverá. E isso é bom sinal, significa que os portugueses que vivem aqui estão bem integrados na sociedade”, congratulou-se.

No dia 26 de setembro a Alemanha vai a votos para escolher o novo líder do governo, que vai suceder a Angela Merkel, há 16 anos no poder.

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