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Edna Rezende: a sensibilidade mágica da artista

A 2 de novembro de 2019, faleceu, em Brasília, a escritora, psicóloga e artista plástica Edna Rezende.

Nascida na cidade mineira de Inhapim, a 20 de março de 1943, mudou-se para Brasília em 1971, onde, em 1975, se formou em Psicologia, pelo Centro Universitário de Brasília (UniCEUB) e, em 1984, em Artes Cênicas, pela Faculdade Dulcina de Morais, tendo sido, por vários anos,  funcionária do Ministério da Educação.

Como artista plástica participou das exposições Presépios, no Conjunto Nacional de Brasília (1984), da III Exposição de Arte do Servidor Público (1987), onde foi premiada com a obra Pescador, Os 17 em 88 (1988) e Vertentes (1990), ambas na Biblioteca Demonstrativa do Instituto Nacional do Livro, a mesma que, em 1987, recebeu a sua primeira exposição individual. Em sua cidade natal, em 1988, integrou a exposição Raízes.

Atuou como cenógrafa nas montagens da peça teatral Bodas de Sangue, de Garcia Lorca, com direção de Dulcina de Morais, no Teatro Dulcina (1983), e da ópera O Guarani, de Carlos Gomes, com direção de cena de Emmerson Eckmann e direção musical do maestro Levino Ferreira de Alcântara, com a participação da Orquestra do Teatro Nacional de Brasília (1984).

Escreveu duas peças teatrais, Cora, premiada no IV Concurso de Dramaturgia promovido pelo SESC DF e Instituto Nacional de Artes Cênicas (INACEN), e Prato Feito, premiada no XX Concurso Literário da Fundação Cultural do Distrito Federal.

Publicou seu primeiro livro, A Árvore das Encomendas (LGE, 2007), prefaciado por Ziraldo, que afirmou: “Seus contos parecem-me inquietas buscas de cantos de pássaros mais sofisticados e de melodias mais complexas. Edna sabe tudo, muito mais do que a província pode permitir aos que não têm, que nem ela, a “dádiva de ter nascido ávidos”, como na canção de Djavan. Ela escreve com agilidade, precisão e perfeito domínio da língua que fala, usando sentenças curtas e incisivas; como um espadachim desenha no ar os movimentos de seu florete.” A ele seguiram-se O Sorriso Atrás da Porta (Escrituras, 2011), com poemas intimistas sobre o cotidiano, A Mulher Vitruviana (Penalux, 2015), que definiu como híbrido, mistura de autobiografia e ensaio, no qual, baseando-se em sua experiência de fumante, discorreu sobre o poder social do cigarro a partir dos anos 1950. Uma profunda e bem-humorada digressão sobre o tabagismo, fumante que fora, por quase cinco décadas, até o nascimento da neta Letícia. Seu último livro, A Duras Penas (Patuá, 2018), reúne contos de imensa densidade poética. Como lucidamente observou o poeta Marcelo Bernini: “Nas mãos de Edna, os pássaros e as aves são cruéis espelhos da condição humana, através dos quais se projetam nossas misérias, desamores, perdas e esperanças. A vida como voo de galinha e a literatura como lâmina de faca.”

Participou ainda da Antologia dos Poetas de Brasília (Shogun, 1985) e Poetas em Cena (8º Belô Poético, 2012).

 

Sobre o autor do artigo: Angelo Mendes Corrêa é doutorando em Arte e Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), professor e jornalista.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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