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Edfor: um carro desportivo português dos anos 30

O seu nome é Edfor Grand Sport e o seu número de matrícula NT-10-68. Foi pensado e construído pela clarividência e oportunidade de Eduardo Ferreirinha, piloto e industrial metalúrgico, nasceu em 1939, foi um dos quatro exemplares construídos entre 1937 e este ano e é o único sobrevivente, revela o site Antoandrive.

Exemplar por isso mesmo raro e de valor histórico, que continua na ilustre família Ferreirinha.

Eduardo Ferreirinha foi um visionário, com uma mente demasiado avançada para o seu tempo. Industrial metalúrgico e piloto de automóveis, então uma espécie de corajoso romantismo na vida, foi um dos pioneiros daquela que poderia ter sido uma grande indústria nacional: a indústria automóvel, desde cedo desde sempre asfixiada definitivamente pela miopia do chamado Estado Novo. Criou vários carros de competição, mas o seu “ex-libris”, aquele que o fez entrar a pequena lenda nacional, foi o Edfor.

O Edfor foi apresentado oficialmente no Salão Automóvel do Porto, em Abril de 1937 e desde logo concitou todas as atenções dos milhares de visitantes. Não só porque era um dos mais belos automóveis presentes na mostra, como era de total produção nacional.

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Na verdade, o Edfor foi a obra-prima de um artesão de excelência, Eduardo Ferreirinha, proprietário da EFI (Eduardo Ferreirinha & Irmão), onde há vários anos produzia artefactos metalúrgicos e, especialmente, veículos de competição, todos eles de conceção caseira e baseados em mecânica Ford. Com o Edfor, o industrial portuense queria dar o pontapé de saída para a comercialização em pequena série, algo até então nunca realizado em Portugal.

A imprensa da época não regateou elogios ao exemplar do Edfor presente no certame. E não era para menos. Inspirado nos Ford V8, monolugares de competição que Eduardo Ferreirinha tinha construído até então, o Edfor tinha umas linhas muito elegantes e belas, com a sua carroçaria de dois lugares totalmente feita em alumínio, pesando somente 150 quilos. O esqueleto do Edfor era feito numa liga especial de alumínio fundido, tipo de construção inédito, enquanto os guarda-lamas eram 100% aerodinâmicos e de “design” elegante e torneado. Também as linhas do para-brisas eram de uma conceção nova e igualmente feitas a pensar na menor resistência ao ar.

Entre 1937 e 1939, foram construídos quatro exemplares, mas os registos atuais apenas indicam duas matrículas: o primeiro, RP-10-30, que teve bastante sucesso nas pistas nacionais; e o que terá sido o último, de 1939, NT-10-68, cujo palmarés é mais modesto, mas que é hoje o único que se mantém em perfeitas condições originais – e, felizmente, está na família Ferreirinha desde 1955, quando jovem Eduardo, filho do fundador, o descobriu por acaso, quando era militar no quartel de Santa Margarida, ao pé de Abrantes e o viu passar na parada do quartel, com um sargento ao volante. O jovem militar perseguiu-o na estrada do Tramagal e, feita a abordagem, soube que era pertença de Rui Duarte Ferreira, também industrial e piloto, que aceitou vendê-lo, mas apenas por saber que ficaria nas mãos de quem o tinha construído. Dos restantes, nada se sabe.

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