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Dois pesos e duas medidas

© Pixabay

A cinco meses de eleições determinantes para o futuro da União Europeia, o telefonema do presidente da República em direto num programa matinal da SIC e a entrevista no seu equivalente da TVI a um simpatizante neonazi que foi condenado e cumpriu pena, fazem manchetes.

Tudo normal, quando as massas se agregam hoje à volta do entretenimento superficial, com mais facilidade do que antes respiravam causas públicas. Inqualificável, contudo, é que no comentário a propósito, a extrema-esquerda não aplique a si os critérios que exige aos outros.

A dirigente do BE Mariana Mortágua indignou-se na SIC pelo tempo de antena dado a Mário Machado, “delinquente condenado por agressão e extorsão”, sublinhando que “não devemos banalizar uma suástica num programa de televisão (…) símbolo de um regime que matou milhões”. Como é evidente, o nazismo e a natureza hedionda do que significou só podem ser repudiados. Não se compreende é que se esqueça o resto, como o BE faz, quando em causa estão doutrinas que lhe deram vida, ou responsáveis que aceitam como representantes. Dois pesos e duas medidas, num sectarismo que por definição também é totalitário.

O nazismo matou milhões, é verdade. Sucede que o comunismo matou muitos mais. Não é aceitável banalizar uma suástica num programa de televisão. Mas para o BE, a foice e o martelo que simbolizam a tortura e o massacre de povos em todos os continentes não tem problema algum. Entrevistar um extremista neonazi na televisão é pecado. Mas exibir a imagem de Che Guevara ao peito em reuniões do BE, que em 1964 na ONU discursava dizendo “fuzilamos sim, e continuaremos fuzilando”, é uma imagem de marca chique.

Acresce a propósito de criminosos, não constar que a simpatia pelo BE seja uma atenuante prevista no código penal.

Os operacionais da organização terrorista FP25 assassinaram 17 inocentes, um dos quais criança, feriram muitos mais, assaltaram bancos e destruíram património valioso. No entanto, em 2017, o BE escolheu para candidato em eleições autárquicas no Barreiro, precisamente um dos fundadores das FP25. Nenhum problema.

Camilo Mortágua assaltou bancos, ocupou terras alheias e participou no assalto ao navio Santa Maria, que em 1961 resultou no assassinato do 3.º piloto João José do Nascimento Costa. Apesar disso foi condecorado Grande Oficial da Ordem da Liberdade, tal qual Isabel do Carmo, fundadora das Brigadas Revolucionárias.

Escusado será dizer, foram todos muitas vezes presença televisiva e notícia. Mas claro, em Portugal, ser de extrema-esquerda é outra loiça.

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