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Dia da Liberdade

Entre alguém que se sente ofendido pelo outro, só porque essa pessoa diz genuinamente o que quer dizer, qual deles será o mais imaturo e menos competente, na sua gestão emocional individual?

A comunicação é a base que sustenta as relações humanas e que permite construir uma sociedade onde todos nos relacionamos com base na estrutura e referências que criam um padrão de funcionamento entre nós. Esse padrão, que é previsível, facilita a adaptação e integração social, porque conhecemos as “regras do jogo” social.

Nas relações interpessoais, se repararmos, as pessoas que consideramos mais íntimas e amigas, são aquelas que são transparentes e nos dizem a verdade, o que pensam e aquilo que querem dizer, e não apenas aquilo que nós queremos ouvir.

Hoje em dia, é galopante o número de pessoas que se sentem ofendidas só porque ouvem o que não querem ouvir, só porque há pessoas que pensam diferente delas ou do status quo do politicamente correcto ou cultural.

Começamos, por isso, a ver um número cada vez mais de pessoas com medo de dizer o que pensam, com medo de ofender ou ser penalizados por pensarem diferente, a anularem-se individualmente naquilo que pensam, em detrimento de perspectivas colectivistas e visões lineares simples.

A nossa natureza é complexa, e cada um de nós tem uma história de vida única que, naturalmente, vai criar uma visão e interpretação do mundo muito própria, apesar da maioria dos nossos padrões ser equivalentes entre nós. Por isso é que funcionamos em sociedade.

Mas sendo hoje o dia da Liberdade, não posso deixar de salientar que liberdade é podermos dizer o que pensamos entre nós, saber articular os pensamentos e traduzi-los em palavras, com capacidade de argumentação e contra-argumentação, de forma civilizada, em que dizemos o que pensamos, sem estarmos, atrofiadamente, a achar que não podemos ser iguais a nós próprios na relação com os outros.

Se tivermos medo de mostrar quem somos nas relações interpessoais, ou seja, se tivermos medo de saber comunicar de forma genuína, vamos ter uma sociedade cínica, onde as pessoas não dizem a verdade entre si (logo, mais desconfiadas), e um aumento dos escapes virtuais artificiais, com avatares, para purgarem a acumulação de falta de transparência e frustrações, por não sermos verdadeiros e genuínos.

Sem conversas verdadeiras, não temos confiança. Sem confiança não há estabilidade e aumenta a ansiedade e insegurança. Sem segurança, temos mais isolamento e fugas para realidades paralelas secretas, o que vai anulando o bom senso e referências comuns que nos permitem viver em sociedade.

Que a liberdade nos permita sempre dizer o que pensamos e não nos anulemos mutuamente.

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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