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Corrupção: um desafio a Pedro Marques

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São muitas as causas justificativas da ascensão dos extremismos na UE. Mas seguramente que, à cabeça, a corrupção de governantes e dirigentes políticos, minando os alicerces fundacionais dos regimes democráticos, ocupa lugar de destaque.

António Costa disse nos Açores que “o projeto europeu faz parte do ADN do PS”, com a mesma facilidade com que Ferro Rodrigues garantia no último congresso do partido que “o combate à corrupção faz parte do ADN no PS”. Chavões como o ADN são forma que cabe em qualquer sapato. Investigações em curso e peregrinações a Évora à parte, conviria então que mostrassem coerência, na condenação que tarda, dos fenómenos de corrupção e descarada violação dos critérios de Copenhaga e do princípio da separação de poderes por parte dos governos socialistas da Roménia, que preside à UE e de Malta.

Em dezembro, uma delegação de opositores eslovacos deslocou-se a Lisboa para pedir que António Costa tomasse posição dentro da Internacional Socialista, acerca das ligações entre o Governo socialista de Robert Fico e a máfia italiana, que poderiam ter motivado o homicídio de uma jornalista que as investigava e do namorado. Do PS português, apenas tiveram silêncio.

Atualmente, na Roménia, o partido socialista no poder tenta aprovar uma lei de amnistia que impeça o julgamento de casos de corrupção, entre eles, de Liviu Dragnea, chefe do partido, acusado do desvio de 21 milhões de euros de fundos europeus, sendo certo que apesar da vitória eleitoral foi impedido de exercer funções de chefe do Governo, em razão de condenação anterior por fraude eleitoral.

Se o PS quer ser a voz da Europa em Portugal, como propagandeia, seria bom que repudiasse os piores exemplos que nessa Europa os seus congéneres significam.

Em política, as razões de princípio são universais e não de Direita, ou de Esquerda. O mesmo PS que argumenta com o Governo húngaro como arma de campanha para as eleições europeias, simplesmente por ser de Direita, é o mesmo que se cala quando em causa estão casos muito mais graves, que se encontram em governos de Esquerda, no exato momento em que, em relação ao futuro da UE, a credibilidade é de ouro.

Por isso, aqui chegados, enquanto cabeça de lista do PS às eleições europeias, Pedro Marques não pode ficar calado. No caso, o silêncio terá o valor declarativo da concordância e da aceitação. E daí o repto. Repudia e condena as práticas dos governos socialistas na Roménia e em Malta? Reclamará a intervenção da Internacional Socialista? Aguardemos sentados.

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