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Convictamente europeísta

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Tenho estima e amizade pelo Paulo Rangel. E até percebo que a pensar em 2019, não resista à tentação simplista dos acantonamentos entre eurocéticos e euroutópicos, reservando para o PSD o papel do guardião luterano que prega a pureza do verdadeiro espírito europeu. Sucede que se engana, no que escreveu sobre o CDS. Três notas:

1 – Ao contrário do Paulo Rangel, não sou federalista. Mas federalismo nunca foi sinónimo de europeísmo. Somos ambos europeístas, mas não vejo vantagem na transformação de Portugal – país com 9 séculos de história, que não prescinde da sua vocação atlântica e do relacionamento privilegiado com países em todos os continentes, nomeadamente de expressão portuguesa -, numa espécie de Burgenlândia do Sul, ou dos pequeninos. Acredito na UE como projeto de nações soberanas, com respeito pelo princípio da subsidiariedade, que – sublinhe-se -, os tratados já consagram. Dá-se até o caso de, como eu, muitos sociais-democratas rejeitarem o federalismo. Pedro Passos Coelho, ainda líder do partido, assumiu-se não federalista, em reunião com chefes de delegação do PPE. Não consta que por isso Paulo Rangel tivesse encontrado euroceticismo no PSD.

2 – O CDS apresentou recentemente 10 ideias para a Europa. Uma em concreto – “o espaço europeu pode ser um destino de acolhimento de outros povos, mas exigimos respeito pelas nossas leis, valores e costumes; a segurança dos cidadãos é uma prioridade” -, tem servido para certa Esquerda ensaiar a retórica do afastamento do CDS, em relação aos valores europeus. Percebe-se no BE, ou no PCP. Em Paulo Rangel, não.

O que se diz é de lucidez elementar. A Europa é um espaço de solidariedade, mas também de legalidade. Criminosos, terroristas e extremistas, que negam princípios básicos, como a igualdade entre homens e mulheres, não são bem-vindos.

Aterroriza pensar que quem rejeita esta verdade essencial e defende a irresponsabilidade romântica das portas abertas a todos, porque todos são bonzinhos e por cá se fazem poucos filhos, possa algum dia ascender ao poder.

A Europa tem de distinguir o que tem de ser distinguido. Respeitar as leis de asilo, acolhendo refugiados genuínos, aplicar as leis de emigração, que existem em qualquer país do planeta, para decidir sobre os migrantes que podem ficar, ou não, assegurar a segurança de todos, identificando e impedindo a entrada de delinquentes e de quantos repudiem os nossos valores civilizacionais. Tão simples quanto isto.

3. Por muito que convenha a Paulo Rangel, Pedro Santana Lopes é um problema do PSD, não é um problema do CDS. Voltaremos a isto.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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