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Cônsul em Macau: contexto pode justificar proibição de vigília sobre Tiananmen

O cônsul-geral de Portugal em Macau e Hong Kong considerou que o “contexto extraordinário” da pandemia da covid-19 pode justificar a decisão das autoridades do território de proibirem uma vigília que assinala o massacre de Tiananmen.

“Na minha opinião pessoal”, dado “o contexto extraordinário, as regras não podem ser as mesmas, devem ser adaptadas às circunstâncias”, comentou o diplomata numa conferência de imprensa que serviu para apresentar o programa do 10 de Junho – Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, que se vai realizar com limitações por causa do risco de propagação da covid-19.

Em causa está o facto de ter sido proibida, pela primeira vez em quase 31 anos em Macau, uma vigília para assinalar o movimento democrático chinês que resultou no massacre de Tiananmen, uma decisão da polícia que foi justificada com o risco pandémico que se vive no território.

A concentração de pessoas pode potenciar risco de contágios com a covid-19, num momento em que se mantêm as medidas para conter a pandemia, disse à Lusa fonte oficial do Corpo de Polícia de Segurança Pública de Macau.

Tanto Hong Kong como em Macau são os únicos locais na China onde estas manifestações têm sido autorizadas sobre um acontecimento que continua a não ser reconhecido por Pequim, mas este ano ambos os territórios acabaram por impedir os eventos, com o Governo da antiga colónia britânica a estender as restrições até 04 de junho, precisamente quando é assinalada a data, proibindo a concentração de pessoas.

Em Macau, a decisão das autoridades policiais surgiu depois do Instituto para os Assuntos Municipais proibir uma exposição sobre o mesmo tema, justificando-a também com o risco pandémico.

As decisões acabaram por ser criticadas na quarta-feira por organizações não-governamentais internacionais.

O vice-diretor regional para o Sudeste Asiático da Amnistia Internacional, Joshua Rosenzweig, sustentou que “o vírus não deve ser usado como desculpa para conter a liberdade de expressão e reunião”, numa resposta enviada à agência Lusa.

Já o vice-diretor da Human Rights Watch para a Ásia, Phil Robertson, acusou a China de, com estas decisões, “continuar a esconder-se atrás da covid-19 para conseguir a repressão pública”, em especial “em Hong Kong”, procurando “travar os protestos” pró-democracia na antiga colónia britânica.

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