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Conhece Fabiana Bravo?

Todos estamos sujeitos aos ventos incertos da vida, e com o passar do tempo surgem oportunidades, escolhemos caminhos, passamos por novas experiências, e temos as nossas histórias para contar, como é o caso da jornalista Fabiana Bravo, de 35 anos, solteira e sem filhos, que nos deu a conhecer um pouco da sua vida entre a Alemanha e os Açores.

Terminado o secundário e com uma vaga garantida na universidade em Lisboa, a adolescente então com 18 anos, “não podia estar mais feliz”, ia finalmente ser livre e poder sair da pequena e claustrofóbica ilha onde nasceu no meio do Atlântico, abrir asas e voar. Foi feliz em Lisboa, e nunca pensou em acabar a viver na Alemanha.

Filha única, o pai é de Montemor-o-Novo, no Alentejo e a mãe originária da ilha Terceira, nos Açores, a pequena Fabiana brincava de jornalista com a prima a fazer desenhos (as notícias) e utilizava um rádio antigo para se gravar a apresentar programas.

O pai achava que ela deveria escolher outra área, mas teve o apoio da mãe, e assim foi fazendo o seu caminho. Dos professores, lembra Pedro Coelho, da SIC, que via como exemplo a seguir.

Depois de se formar em Lisboa, e por lá trabalhar como jornalista por seis anos, Fabiana Bravo, então com  26 anos,  fez uma viagem à Finlândia a convite de uma amiga, e conheceu algumas estudantes no programa Leonardo Da Vinci, que lhe abriram uma janela para uma nova experiência de vida em Berlim, na Alemanha: “É a tua cara, vais  adorar!”, disse um amigo.

E assim foi, arriscou e partiu para ser feliz, e construiu uma nova vida na cidade mais cosmopolita da Alemanha, onde vive e trabalha até hoje: “Hoje mesmo que pelas mesmas condições financeiras, não troco a minha vida aqui em Berlim, pela de Lisboa.”

As razões são fáceis de entender, “Berlim é uma capital enorme, tem tudo, como Lisboa”, mas sem o stress da capital portuguesa. Em Berlim Fabiana Bravo encontra espaço e tempo para a vida pessoal, sente-se valorizada com uma ética de trabalho que é respeitada, com horários que “são para cumprir”, quando em Portugal, isso não acontece.

Encontra na enorme cidade mais espaços verdes, eventos culturais e, sobretudo, mais liberdade e aprecia a possibilidade de se deslocar para o trabalho de bicicleta e nos transportes públicos, que considera, muito eficientes.

Depois de muito esforço e estudo, assumiu que nunca vai falar a língua alemã a um nível que lhe permita exercer a profissão de jornalista na imprensa nativa, mesmo que já seja fluente. Mas isso não é um problema em Berlim, cidade multicultural onde quase todos falam Inglês, a língua de comunicação dos emigrantes e estrangeiros.

Fabiana Bravo aproveitou a bolsa Leonardo da Vinci para colaborar na ONG “Berlinda”, para falantes de português, foi “baby-sitter”, jornalista freelancer, e continuou ligada ao contexto da lusofonia, além de colaborar regularmente com o BOM DIA.

Acabou por concorrer a um posto que exigia o domínio do português do Brasil, numa empresa alemã. Foi a única portuguesa a concorrer, todos os outros candidatos eram brasileiros. Fez os testes, e foi escolhida. “Nunca pensei ficar com o posto”, disse, mas não lhe peçam para falar com a pronúncia do Brasil, “nunca tentei, e isso não vai acontecer! Seria ridículo ”, afirma com um sorriso tímido, um português perfeito e a sua pronúncia típica da ilha Terceira, nos Açores.

A seu favor jogou o domínio do português clássico, e uma formação académica de qualidade em Portugal, fatores que a meritocracia alemã considera decisivos .

Com a queda do “muro da vergonha” ainda na memória dos berlinenses, admite que as pessoas têm medo, com os ventos de guerra a soprarem ameaçadores da Ucrânia. Não param de  chegar refugiados a Berlim, “falamos em guardar suprimentos, água e dinheiro em casa, e as pessoas fazem planos para partir de urgência para algum lugar mais seguro”, caso os russos entrem pela Europa adentro, admite. A ameaça dos cortes na eletricidade, e o aumento descontrolado dos preços, não deixam ninguém esquecer os perigos da guerra na Europa, mas por agora, com o calor e as férias, isso “está adormecido na mente das pessoas”, pelo menos até o inverno chegar”, lembra.

Nas férias nos Açores mata a nostalgia e reencontra as amizades antigas. Na terrinha, relembra os cheiros do mar, as estrelas e o interminável cantar dos grilos, que não chegam a Berlim. As suas comidas preferidas estão ao virar da esquina no mar, as lapas, cracas e o polvo. Aproveita o bom café nacional, e os vinhos alentejanos da terra do pai, que adora, mas tem planos de viajar até ao norte, que pretende conhecer melhor.

Fabiana não diz que não a uma boa caipirinha, e tem a América do Sul e o Brasil, que já visitou duas vezes, nos planos das próximas viagens. Ali aprecia a alegria, a cultura e a gastronomia. Tem amigos brasileiros, entre eles a sua melhor amiga, Fernanda Cabral, e outros de Itália, Espanha e Portugal.

Faz yoga por vezes, e no desporto vai pelo Benfica, e gosta de jazz e música eletrónica. Acompanha a imprensa em português, e alerta para os perigos e facilitismos das “fake news”, e do impacto negativo que exercem na vida de todos e na sociedade moderna.

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