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Compensa ser formiguinha?

Certa ocasião, Nicolau Tolentino de Almeida, escreveu carta dirigida ao Oficial da Secretaria do Reino, Lourenço José da Mota Manso, dizendo: “Se tu não sabes o que é não ter dinheiro, eu to explico: abaixo dos estupores, é o maior mal do mundo…”

Para evitarem o “mal”, é que muitos passam a vida amealhando tudo que aforram.

Uns começam de novos a formar o pecúlio receando chegarem à velhice e não terem bastante para sobreviverem com dignidade.

Outros, desbaratam tudo, levando vida de cigarra, confiados na Providência divina e na providência do Estado.

Os que imitam a formiguinha passam duros trabalhos e privações constantes. Os que imitam a cigarra levam vida folgada a cantar, a passear e a banquetear em bons e alegres repastos.

Vem depois a calamidade, as crises económicas. As cigarrinhas, ao verem as formiguinhas, com dispensa cheia, e boa casa, descem à rua indignadas e a brados reclamam: igualdade…

– “Não é certo, nem justo, que uns tenham tudo, e outros nada ou quase-nada…” – dizem, revoltados.

E invejosos de não possuírem pé-de-meia, buscam assaltar a dispensa da formiguinha…trabalhadora.

Afirmam, filosoficamente: “Quando o Sol nasce, é para todos! Vamos distribuir o mealheiro, para que todos possuam seu quinhão…”

Conheci pobre homem, empregado de armazém, que desde muito novo amealhou. Casou com caixeirinha de loja de miudezas, que ambicionava ser senhora.

Assentaram engordar o “porco”, para adquirirem casa. Animados pelo sonho de serem independentes, mal comiam. Diariamente a janta, era apenas sopa. Só ao domingo saboreavam carne ou peixe, com batatinhas ou arroz malandrinho.

Arrecadada a quantia desejada, compraram terreno e levantaram linda moradia.

Os companheiros de trabalho, nesse entanto, viajavam, comiam e bebiam à tripa forra. Refastelavam-se no Inverno, bem aquecidos; e no Verão, nas areias morenas do Algarve e Benidorm.

Vendo a moradia do colega forreta, rosnavam à socapa: “Onde foi o pascácio roubar esse dinheiro?!…”

Vou, agora contar dois casos verídicos, de famosos milionários, para “adivinharem” como se faz fortuna, honestamente. Porque há, também, quem chegue a remediado roubando parentes (até irmãos!), trabalhadores e a sociedade, em geral; estou certo, se eles têm consciência, está repleta de tenebrosos remorsos… agora, e principalmente, na hora da morte.

Citarei, o multimilionário Calouste Gulbenkian, que depois dos trabalhadores se ausentarem ia sorrateiramente pelos escritórios recolher pontas de lápis que lançavam ao lixo para usá-los no seu gabinete, no aproveita-lápis…

E o dono do império IKEA que, ao fazer compras no supermercado, procurava produtos no fim e validade, com preços especiais, para economizar…

Quando surgem graves crises que afectam, em regra, os pobres, aparecem, entre eles, numerosos que usufruíam bons vencimentos, passavam férias em Saint-Tropez e vestiam-se com boa fazenda inglesa; mas nunca pensaram criar pé-de-meia…

Para quê? Perguntam. O Estado Providente, e as formiguinhas prudentes, arrecadam sempre o bastante para repartirem, por todos… a bem ou a mal…

 

 

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