É normal, ao encontrar amigo ou simples conhecido, perguntar: “Como estás?”; e o nosso interlocutor, por cortesia, responde em regra: “Estou bem” ou “ Estou bem, graças a Deus,”, se for crente.
Será esse modo de dizer, correto? Ou será apenas formalismo quando automaticamente respondemos: “Tudo bem…” muitas vezes mentindo ou omitindo, achaques e problemas que nos transtornam a saúde.
Heitor Pinto recorda-nos na sua obra “Imagens da Vida Cristã”, o erro que se cai quando perguntamos num encontro: “Como estás?”
Porque, explica o nosso clássico: “Tudo vai com esporas nos pés, pois tudo tão depressa passa, e nada está, segue-se que nós não estamos, mas passamos e corremos, de continuo esta posta até à morte. (…) Donde se conclui que não usam de boa linguagem os que perguntam: como estais? Nem os que respondem: estou bem ou estou mal. Tão má a resposta, como a pergunta. Os que têm mais altos os espíritos e falam mais propriamente, perguntando, dizem: como passais? E respondendo dizem: “Passo desta maneira ou desta”.
Realmente a vida corre tão velozmente, que nem damos conta do tempo passar: a criança, sem dar por isso, já é adolescente e adulto e depressa chega a velho.
São Gregório, um dia, numa pregação, aludiu a essas mutações da vida dizendo que a vida não passa senão de morte prolongada. Todavia, todos nós, só consideramos morte, ao termo da vida.
Daqui se concluir que a morte, inicia-se logo no próprio dia do nascimento. Morre-se, para nosso mal, todos os dias…
Humberto Pinho da Silva