Se mil vezes eu pegar na caneta
E com ela mil palavras escrever,
Emoções que o coração não pode esconder,
Será que me chamam poeta
Mesmo que poeta eu não saiba ser…?
A caneta é a voz da minha revolta,
O grito que não posso conter,
O som que se espalha, que se solta,
A voz que quando encalha sem eu querer,
A caneta sabe o que eu quero dizer.
Com a minha caneta vou escrever,
Vou gritar as injustiças mais cruciais,
Vou dizer o que se deve dizer,
Sem dizer de menos, sem dizer de mais,
Equânime nas palavras que ela vai verter.
A caneta será o grito que me traz calma,
Tudo o que não posso guardar dentro de mim,
Irrefragável verdade que canto com toda a alma,
Porque não era suposto o mundo ser assim,
Tão ingrato, tão falso e tão ruim.
Será a caneta a minha voz a propalar,
A dizer tudo o que eu tenho para dizer,
No punho seguro a caneta e com ela vou lutar,
Que mais poderei eu fazer,
A não ser, a minha caneta nunca pousar.
A caneta expressa sentimentos com fulgor,
Revolve tempestades e tempestades acalma,
Sabe tudo sobre o amor,
Escreve tudo o que me vai na alma,
Com justiça, verdade e com fervor.
A caneta é uma arma com muito poder,
Deve ser usada com grande responsabilidade,
E com ela tudo o que eu escrever,
Mesmo que doa, será apenas a verdade,
Porque a caneta escreve o que os olhos estão a ver.
A mentira é doença que enfeitiça,
Por isso seguro a caneta na minha mão,
E com ela, como quem atiça,
Chamo a verdade à razão
E com razão, a caneta faz justiça.
António Magalhães
(Possivelmente Poemas)