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CGD, o escândalo

© Pixabay

O que se passou na CGD entre 2005 e 2011 é inqualificável e não pode ser desvalorizado. De resto, a relação temporal com o consulado socialista de José Sócrates e António Costa, seu número dois num dos governos, não foi simples coincidência. Arruinaram o banco, como trouxeram a bancarrota a Portugal.

Não falta quem tente enquadrar o rombo nas contas da CGD no contexto financeiro que levou ao encerramento naquele período do BPN e do BPP, a par de outros na UE. A justificativa complacente é absurda e não tem sentido.

A delinquência bancária e os casos de polícia, que tiveram como consequência necessária a desgraça do BPN e do BPP e o buraco gigantesco na CGD, não tiveram nada que ver com crises. Acresce que no caso da CGD, há diferenças agravantes.

A CGD não é um banco privado. A CGD é o banco do Estado, gerido por administrações nomeadas pelo Governo, supervisionado pelo Estado, através do Banco de Portugal. Significa que o Estado gestor criou os prejuízos que o Estado supervisor nunca viu. Sendo que parte dos factos ocorridos na CGD repetiram os pecados antes revelados pelo BPN e pelo BPP que, de tão impressionantes, se julgava, até pelos alarmes supostamente ativados na supervisão, não voltariam a acontecer. Inacreditavelmente, assim não foi.

E há perguntas que têm de ser feitas:

– Por que razão é que os contribuintes portugueses hão de pagar com impostos que lhes reduzem a capacidade de sustentar as famílias e mutilam poupanças os esquemas de Armando Vara, as vigarices dos negócios de Vale do Lobo, o financiamento das guerras internas no BCP, aventuras acionistas de Joe Berardo, ou os empréstimos à Artlant, em montantes próximos de 5 mil milhões de euros?

– Como é possível que em regra nenhuma pessoa consiga de um banco cinco mil euros ou 10 mil euros sem se submeter a exames médicos rigorosos e prestar garantias capazes, na maior parte dos casos reais, e em compensação, empréstimos de milhões de euros tenham sido entregues para projetos no mínimo duvidosos, sem garantias, sem avaliações de risco e até contra pareceres de risco elevado que desaconselhavam esses empréstimos?

– Como é que se explica que quando assim sucedeu, tantos dividendos tenham premiado administradores que não os mereciam, manifestos culpados raramente sejam julgados, quase sempre fiquem impunes e os milhões guardados ilicitamente em paraísos fiscais, carros, herdades e obras de arte, nunca sejam devolvidos?

Evidentemente, num Estado que se supõe de direito, o mínimo que se exige é uma comissão parlamentar de inquérito.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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