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Caras velhas

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António Costa e Augusto Santos Silva disseram sobre Pedro Marques que, ao contrário dos outros partidos, “o PS não precisa de usar as figuras do passado” como cabeças de lista ao Parlamento Europeu. O remoque é revelador do pior de certa política.

Ponderado que o que resulta se repete sem problemas, o argumento não afeta o CDS. Contudo, é profundamente ingrato em relação a Francisco Assis.

Em 2014, Francisco Assis foi o cabeça de lista às eleições europeias que o PS venceu, num resultado que António Costa apoucou de “poucochinho”, mas que foi maior do que aquele com que os socialistas perderam as eleições legislativas em 2015. Paradoxalmente, como prémio pela vitória, Francisco Assis é agora chamado de “cara velha” e encostado. Em compensação, apesar da derrota, António Costa ocupa o cargo de primeiro-ministro.

Segunda-feira, no debate “Prós e Contras”, tendo em palco os últimos cabeças de lista dos diferentes partidos, Francisco Assis foi, como observei em direto, relegado para a segunda fila da plateia, escondido para que se notasse pouco. E ontem, depois de impedido de participar num debate sobre a situação na Venezuela, não obstante ter sido a voz socialista em todos os precedentes, foi forçado a demitir-se do cargo de coordenador da Assembleia Parlamentar Euro-Latino-Americana, em manifestação de respeito pela sua própria dignidade.

Em condições normais, um partido que trata assim os seus melhores, mas pede a maioria dos votos ao país, só poderia ter resposta de sentido oposto.

Seja como for, falar-se de novidade e renovação na lista do PS candidata às eleições europeias, só mesmo por anedota.

Em primeiro lugar, a circunstância é invocada precisamente por António Costa e Santos Silva, que se eternizam desde os primórdios em todos os cargos políticos, e que a par de Pedro Marques e muitos outros, repetiram em 2015 no Governo, o pior e mais traumático passado que entre 2005 e 2011 nos trouxe a bancarrota e a troika.

Depois, secundando Pedro Marques na lista, lá se encontram, entre outros, Pedro Silva Pereira, Carlos Zorrinho e Maria Leitão Marques, protagonistas da mais jurássica nomenclatura socrática.

Percebe-se por isso qual o verdadeiro critério deste PS. No Largo do Rato tudo se renova, desde que em família, ou forjado na escola de José Sócrates.

Como se compreende, tivesse Francisco Assis mulher ministra, irmão secretário de Estado, ou aceitasse alienar razões de princípio, só para ser poder à laia da vontade de quem vota, e tudo seria diferente.

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