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Cadeia de hambúrgueres sueca combate alterações climáticas

A “cadeia de restaurantes favoritos de hambúrgueres” da Suécia, a Max Burgers, há muito se comprometeu a reduzir o consumo de carne vermelha do país. E percebeu que já não bastava reduzir a pegada ecológica a zero para resolver a problemática do clima: era preciso ir mais além, torná-la positiva. Agora, o futuro da marca, segundo Kaj Török, que assume o comando do departamento de sustentabilidade da Max Burgers, passa por diminuir o consumo de carne e tornar os hambúrgueres “verdes” tão saborosos quanto os de vaca. Maravilha!

Quem não gosta de um bom e saboroso hambúrguer de vez em quando, motivado pela cada vez mais crescente influência americana de fast food? Pois bem, comer hambúrgueres e ajudar o clima pode resultar estranho à partida, mas é possível: a tal Max Burgers contabilizou todas as suas emissões de dióxido de carbono no seu processo, desde a agropecuária até à mesa, e decidiu não só neutralizá-las através da plantação de árvores (no continente africano já foram plantadas mais de dois milhões de árvores, o equivalente a cerca de 4380), mas também ultrapassá-las, proporcionado aquilo a que chamam “o primeiro menu do mundo com uma pegada ecológica positiva” ou, na versão original, climate positive.

Nesta singular empresa, a preocupação ambiental faz parte da ementa e esse é um dos trunfos da cadeia sueca, onde a escolha dos consumidores passa a ter em conta não só as opções saudáveis ou o sabor, mas também o facto de ser uma marca amiga do ambiente. Tem resultado muito lucrativo e há até casos de pessoas que não comem em cadeias de fast food, mas se o fizerem, optam pela Max.

Criada em 1968 pela família Bergfors e mantendo-se ainda hoje nas mãos da família, a cadeia de restaurantes Max Burgers surgiu meia década antes de as concorrentes norte-americanas chegarem ao mercado sueco para o conquistar. Mas já chegaram tarde, pois apesar da McDonald’s e do Burger King marcarem presença em solo escandinavo, a Max Burgers lidera tanto em proveitos, quanto em popularidade. Com um volume de negócios na ordem dos 220 milhões de euros por ano, a Max Burgers possui 140 restaurantes na sua rede: 125 na Suécia e os restantes na Noruega, na Dinamarca, na Polónia, no Egipto e nos Emirados Árabes Unidos.

Mas o futuro passa por ser vegan? “O futuro é flexitariano: pode comer-se carne, mas menos do que se come hoje. A ciência não diz que temos de deixar de comer carne, diz que temos de deixar de comer tanta carne”, defende Török. Por isso, antes de pensar em inverter as emissões de forma que a balança seja positiva, há que começar por reduzir as emissões… e uma das formas mais rápidas de o fazer é reduzir o consumo de carne e apostar em opções à base de vegetais. Porém, para fazer vingar os hambúrgueres “verdes” — uns sem produtos de origem animal e outros ovolactovegetarianos —, há ainda o desafio de os tornar saborosos. Este tipo de hambúrgueres têm de saber, pelo menos, tão bem quanto os de carne bovina, e parece estarem a consegui-lo, pois os resultados têm sido positivos, as vendas têm subido e o negócio verde “está a florescer.
Numa altura em que se conhecem os impactos negativos do consumo excessivo de carne, quer para a saúde humana, quer para o ambiente, o objectivo da Max Burgers passa por reduzir a sua oferta carnívora. Por isso, atualmente a sua ementa é composta por 60% de hambúrgueres feitos com carne vermelha, mas a meta é atingir o equilíbrio e ter pelo menos 50% do menu sem esta proteína animal. E tal teve início com “15% há três anos, portanto a mudança é possível e rápida”, remata Török.

O cardápio inclui o Crispy No Chicken Burger, o Chili ‘n’ Cheese Burger, o Grand Deluxe Umami Halloumi e o Crispy Nuggets, todos os quais são “lacto-ovo” vegetarianos. O termo refere-se a vegetarianos que não consomem carne, mas comem laticínios e ovos em algumas quantidades. Notavelmente, a empresa estabeleceu uma meta para baixar para metade o consumo de carne vermelha até 2022. E para facilitar isso, introduziu a linha Green Family em 2016 – a variedade é vegetariana e oferece uma opção vegan. Até hoje, a Green Family é o lançamento mais bem-sucedido da rede e resultou num aumento de 10% na faturação. De acordo com a Sustainable Brands, atualmente, 33% das vendas da Max Burgers são isentas de carne vermelha.

O sueco refere ainda que a Max Burgers conseguiu alcançar a meta definida pela organização ambientalista WWF para medir a pegada ecológica, ou seja, 500 gramas de dióxido de carbono por refeição. E conseguiram-no 32 anos antes do prazo estipulado, tendo já um hambúrguer vegetariano chamado Crispy No Chicken que se fica pelos 300 gramas de CO2 por refeição. O sueco defende que é chegada a hora e espera que a ideia desenvolvida pela Max Burgers seja contagiante: a cadeia têxtil H&M já anunciou que pretende assumir este compromisso até 2040 e a IKEA anunciou que o pretende fazer até 2030. Tal é muito positivo e “mostra que é possível, que conseguimos fazê-lo”, conclui com esperança Kaj Török.

E para quando a Max Burgers por cá? A vinda para Portugal é sempre uma possibilidade, mas falta encontrar a entidade certa para a explorar no nosso país: “Se encontrarmos alguém que tenha a mesma visão sobre o que os negócios sustentáveis podem fazer pelo mundo e também seja bom na área da restauração, é muito provável que arrisquemos”. A ver vamos… mas parabéns, Max Burgers, pois sem te ter provado, já sou teu fã!

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