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Burnout: não queime o seu equilíbrio

© DR

A palavra burnout, com origem inglesa surge da união de dois termos: burn e out, que significa, respectivamente, “queimar” e “fora”. Ou seja, falamos sobre a metáfora de “queimar de dentro para fora”, ou numa tradução mais simples, sobre “ser consumido pelo fogo”. 

Foi a partir dos anos 80 do século XX, que autores como Maslach, passaram a usar esse termo para designar o cluster de sintomas decorrente da exaustão emocional humana, ou seja, uma condição em que a Pessoa acaba por esgotar as suas energias. Este cluster de sintomas, chamado de síndrome de burnout, compreende uma condição de stress ligado ao trabalho, cuja definição ainda não é um conceito fechado, dada as variações que os autores fazem do que pode levar à exaustão emocional, pois pode não ser só ligada ao trabalho, mas
relativamente a tudo o que envolve a Pessoa numa situação de stress crónico (mais de 6 meses consecutivos pelo menos).

Como principais características da exaustão características da síndrome de burnout, encontramos a falta de energia, a percepção de sobrecarga emocional constante e de esgotamento
físico e mental. Esta síndrome envolve vários sintomas, desde físicos, psicológicos e comportamentais, podendo atingir gravidade leve, moderada ou grave.

Como sintomas mais significativos e frequentes encontramos o aumento da fadiga constante e gradual, dores musculares, alterações de sono, dores de cabeça ou enxaquecas, queixas
gastrointestinais, ansiedade e alterações respiratórias, problemas cardiovasculares. Em mulheres, verificam-se alterações no ciclo menstrual como um sintoma físico importante. Além desses, existem sintomas psicológicos como: dificuldade de concentração, pensamento acelerado ou lentificação, impaciência, irritabilidade, baixa autoestima, desconfiança, depressão, e em vários casos, histórias da conspiração e paranóia.

Como consequência destes sintomas, surgem comportamentos de negligência ou perfeccionismo, agressividade para com os outros, rigidez emocional e incapacidade de relaxar e
planear, assim como aumenta a tendência ao isolamento ou fuga, à perda de interesse pelo trabalho e outras atividades que habitualmente davam prazer (anedonia).

Relativamente à origem da síndrome do Burnout, constatamos que a culpa não morre solteira.

É um quadro multidimensional de fatores individuais e ambientais, numa lógica de diátese/ vulnerabilidade-stress, que é personalizada como uma percepção de desvalorização profissional. Isso significa que não podemos reduzir a causa do Burnout a um fator único, individual (como a personalidade) ou a algum tipo de propensão genética. Há claramente fatores contextuais e de relacionamentos interpessoais que facilitam os sintomas, pois cada pessoa deve analisar se o ambiente de trabalho e as condições de realização deste, podem também determinar o seu adoecimento ou não.

Alguns autores consideram que o Burnout é um processo evolutivo, que passa por vários estágios. Podem começar com uma necessidade de autoafirmação profissional, que vai agravando em quantidade e qualidade, por estágios comuns, de intensificação da dedicação ao trabalho até que, levada a consequências extremas, resultaria no esgotamento característico da síndrome. 

Podemos destacar neste caminho de vulnerabilidade e desgaste, começar com o crescente desleixo em relação às atividades de autocuidado, como comer e dormir, acompanhado por um ignorar de conflitos, caracterizado pelo não enfrentamento de situações que incomodam e pela negação dos problemas. Além desses, a Pessoa vai reinterpretando a realidade, fazendo com que coisas importantes sejam descartadas e sejam consideradas inúteis, causando consequências em si e nos outros.

Nessa fase grave, podemos falar numa espécie de despersonalização, pois a Pessoa age de forma tão distinta que se torna “outra pessoa”, marcada por sinais de depressão, desesperança e exaustão. Dito de outra forma, a Pessoa entra numa espécie de colapso físico e mental, que se encaixa no fenómeno de Burnout, como a OMS (Organização Mundial de Saúde o caracteriza), e deve ser considerado quadro de atenção significativa, pois prejudica a pessoa e não ajuda as empresas.

O QUE FAZER?

A maioria dos casos de adoecimento em termos de saúde mental manifesta-se com consequências de somatização, o cuidado do fenómeno do burnout, associando-se a um quadro clínico de depressão ou ansiedade, deve compreender uma estratégia multidisciplinar: começando sempre pelo psicoterapêutico, e depois com o apoio psicofarmacológico. É sempre importante ressaltar a relevância de um diagnóstico realizado de maneira competente, para que não se cometam erros, como a confusão entre burnout e depressão, bastante comum nos estágios iniciais, pela similaridade de sintomas.

Precisamos de aplicar testes cientificamente validados, que nos permitem quantificar e avaliar o grau de burnout, permitindo agir posteriormente com uma intervenção adequada aos riscos psicossociais identificados. Estas dimensões de intervenção, engloba o encaminhamento para psicoterapia, e também para novas práticas quotidianas como exercícios físicos e de relaxamento.

Se sente que sofre de Burnout, procure um psicólogo clínico com formação em psicoterapia, para iniciar um processo psicoterapêutico. Se é empresário, administrador ou CEO e pretende saber qual o grau de riscos psicossociais e Burnout que os seus colaboradores sofrem, procure também serviços de consultoria comportamental, feito por psicólogos, os cientistas do comportamento de excelência, para servir as empresas de forma cientificamente sustentada, para que, depois, se faça uma adequada intervenção ao longo do tempo na empresa, para ajudar a ganhar mais com as mesmas pessoas.

Com os meus melhores cumprimentos,

Ivandro Soares Monteiro | PhD

Psicólogo Clínico/ Psicoterapeuta | Fundador & CEO da EME SAÚDE

Associate partner & Director Behavioural Consultancy Unit – CROWE PT

Professor Universitário @ICBAS

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