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Brasília: centenas de detidos e muitos estragos em domingo negro

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Milhares de pessoas invadiram no domingo as sedes dos três poderes do país, obrigando à intervenção federal para repor a ordem e suscitando imediatas manifestações de repúdio de dirigentes a nível mundial.

Depois de furarem as barreiras de segurança no exterior, os manifestantes pró-Bolsonaro invadiram o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF), que acolhem os poderes legislativo, executivo e judiciário, num protesto violento na capital Brasília, onde não se encontrava o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Imagens transmitidas em direto nas redes sociais mostraram vários manifestantes no interior dos três edifícios públicos, deixando um rasto de destruição, sem que fosse visível qualquer tentativa das autoridades para repor a ordem nas primeiras horas.

A invasão começou depois de radicais da extrema-direita brasileira apoiantes do anterior presidente, derrotado nas eleições em outubro passado, terem convocado um protesto para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

A polícia brasileira usou gás lacrimogéneo para tentar, sem sucesso, travar os manifestantes, muitos quais pediam uma intervenção militar para derrubar Luiz Inácio Lula da Silva, uma semana após a sua tomada de posse.

Poucas horas depois da invasão, o Presidente do Brasil, que se encontrava numa visita a zonas atingidas pelas recentes chuvas em São Paulo, decretou a intervenção federal na área da segurança pública em Brasília e garantiu que todos os responsáveis serão punidos.

O Senado e a Câmara dos Deputados realizam esta segunda-feira uma sessão extraordinária conjunta para analisar o decreto emitido por Lula da Silva, através do qual o Governo federal assume os poderes de Brasília em matéria de segurança.

Luiz Inácio Lula da Silva acusou ainda Jair Bolsonaro, que se encontra nos Estados Unidos desde o final de 2022, de provocar e estimular a invasão que resultou em pelo menos 200 detenções em flagrante, de acordo com os últimos números avançados pelo ministro da Segurança Pública.

Já hoje, Jair Bolsonaro demarcou-se das invasões dos edifícios públicos em Brasília e repudiou as acusações de ter estimulado os ataques.

“Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”, escreveu Jair Bolsonaro, na sua conta oficial na rede social Twitter.

“Repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do executivo do Brasil”, escreveu o ex-chefe de Estado.

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As reações de repúdio pelos atos de violência, mas também de apoio ao Presidente do Brasil, rapidamente começaram a surgir, entre as quais do chefe de Estado português, que considerou “estes atos, além de inconstitucionais e ilegais, inadmissíveis e intoleráveis em democracia, reforçando o apoio e a total solidariedade de Portugal para com o poder legitimamente eleito no Brasil”.

Lula da Silva agradeceu a Marcelo Rebelo de Sousa a condenação e repúdio que manifestou pela invasão das principais instituições brasileiras, através de uma conversa telefónica, segundo foi divulgado no portal da Presidência da República.

Da parte do Governo português, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) condenou a “violência e desordem” em Brasília e reiterou o seu “apoio inequívoco às autoridades brasileiras”.

“O Governo português condena as ações de violência e desordem que hoje [domingo] tiveram lugar em Brasília, reiterando o seu apoio inequívoco às autoridades brasileiras na reposição da ordem e da legalidade”, avançou um comunicado divulgado pelo MNE.

A nível internacional, o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, considerou “escandalosa” a violência protagonizada por apoiantes do anterior chefe de Estado brasileiro, enquanto a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, afirmou-se “profundamente preocupada” com os acontecimentos que ocorreram em Brasília.

Também o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou a invasão pelos apoiantes de Jair Bolsonaro às sedes do poder brasileiro, defendendo que o povo e as instituições democráticas do Brasil “devem ser respeitados”.

Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, expressou no Twitter a sua “condenação absoluta” do “ataque às instituições democráticas” no Brasil e transmitiu o “total apoio” do bloco ao Presidente Lula da Silva.

A Polícia Militar conseguiu, entretanto, recuperar o controlo da sede do STF, do Congresso e do Palácio do Planalto por volta das 18:00 (21:00 em Lisboa), assim como desocupar totalmente a Praça dos Três Poderes.

A invasão deste domingo em Brasília fez lembrar os acontecimentos de 06 de janeiro de 2021, quando milhares de apoiantes do antigo Presidente dos Estados Unidos da América, Donald Trump, derrotado nas urnas, irromperam pelo Capitólio, em Washington.

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