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Bonificação para os empregados da Volkswagen

Os 100.000 trabalhadores da VW da Alemanha receberão uma bonificação de 2.700 euros para 2020. Em 2019, tinham recebido 4.950  de participação nos lucros.

Até hoje, o conselho de empresa da Volkswagen tem mais direitos do que qualquer outro órgão representativo dos trabalhadores. Como se pode ler no Tagesspiegel, a cogestão, introduzida na Volkswagen pouco depois da guerra tinha como objectivo uma “empresa industrial democraticamente controlada” na qual o trabalho e o capital deveriam ter direitos iguais.

Isto deve-se ao facto de, na década de 1930, o capital para construir a nova fábrica ter vindo da Frente Trabalhista Alemã, que tinha sido criada depois de os sindicatos livres terem sido esmagados pelos nazis. Após a guerra, para que a empresa não fosse desmantelada foi decidido que ficasse sob o controlo estatal alemão (Estado da Baixa Saxónia conjuntamente com o governo federal). O conselho de empresa da VW está autorizado a impedir a relocalização ou mesmo o encerramento da fábrica devido ao seu direito de veto, inscrito na lei VW e nos Artigos de Associação da Volkswagen AG (sistema de “prevenção cooperativa de conflitos”).

Em 1960, a GmbH torna-se uma AG. 60 por cento do capital é distribuído como Volksaktien, principalmente a pequenos accionistas, com o governo federal e o estado da Baixa Saxónia a deterem cada um 20 por cento. A Lei VW entra em vigor, garantindo a influência da política mesmo na sociedade anónima. Quando, muitos anos mais tarde, a Comissão Europeia quis abolir a lei por razões regulamentares, o governo alemão da época opôs-se a essa tentativa. O governo federal há muito que vendeu as suas acções, mas os governos estaduais da Baixa Saxónia nem sequer pensam nisso: a VW é o maior empregador em todo o lado.

Todos os anos, o chefe do conselho de trabalhadores da Volkswagen e o membro do conselho responsável pelos recursos humanos da VW anunciam o bónus a receber pelos empregados da VW. Uma parte dos lucros da empresa é anualmente direcionada para os trabalhadores.

Esta prática deveria ser comum em todas as empresas. Uma democracia a sério começaria por praticar-se na economia, respeitando, naturalmente, a iniciativa e propriedade privadas.

António Justo

 

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