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Bombos portugueses estão na moda em Berlim

Alunos de diferentes idades e nacionalidades aprendem a tocar bombos portugueses, em Berlim, um instrumento que, onde quer que esteja, “rouba a atenção”, revela a percussionista Sofia Borges.

A ideia de organizar os ‘workshops’ de bombos surgiu depois de criada a associação cultural portuguesa 2314, e era um desejo da compositora e professora de música.

“Desenvolvemos várias iniciativas e eu, como percussionista, gostava muito de ter um grupo que se reunisse esporadicamente para tocar bombo”, confessa Sofia Borges, em declarações à agência Lusa.

“Fomos tentando de diversas maneiras. Apercebi-me de que havia uma grande vontade das escolas que ensinam português aqui em Berlim de possibilitarem isso aos seus alunos (…) Comecei a vir às escolas europeias de língua portuguesa, e fui desenvolvendo diversos projetos”, conta.

Ao lado de vários bombos tradicionais portugueses, Sofia Borges revela que “foram feitos à mão”, em Ermesinde, e descreve a reação de quem lhes pega pela primeira vez.

“Primeiro [as pessoas] ficam espantadas, porque é mais leve do que aquilo que pensam. E depois, quem já viu, toca logo com aquela intensidade que se espera de um bombo. As pessoas que não conhecem tocam baixinho, meio a medo, mas passado umas aulas já estão familiarizadas”, comenta.

“Não foi difícil aprender”, confessa Natan Reimann, de 11 anos, “é só preciso um pouco de concentração e treino”.

Para Donell Minguengue, de 12 anos, o mais interessante do instrumento é mesmo o “som alto” que capta logo a atenção. “No início é difícil perceber como é que se toca, mas depois não, vai-se tornando mais fácil”, explica, enquanto segura duas baquetas.

Ambos são alunos da Grundschule Neues Tor, uma das escolas da capital onde, a par das aulas em alemão, os alunos têm também aulas em português.

O instrumento português fez parte da atuação preparada pelo professor de música, Tiago Cutileiro, no concurso anual entre as escolas europeias que, este ano, completou a vigésima edição.

“É uma espécie de concurso, ao mesmo tempo um festival, que reúne as escolas europeias de Berlim, um projeto interessante que tenta acentuar o lado multicultural da cidade, com escolas especificas de vários países (…) Uma vez por ano elas reúnem-se e apresentam um projeto musical mais ou menos enfatizado nas suas raízes culturais, tradicionais, etc.”, explica à Lusa Tiago Cutileiro.

“Como estávamos a ter este projeto dos bombos, achei que era interessante interligar com os projetos normais que fazemos aqui. Fomos buscar o cante alentejano, os bombos com o ritmo da chula e terminámos com um rap. Misturámos isto que, de certa forma, demonstrou como é a cultura portuguesa, alicerçada nos instrumentos tradicionais”, adianta o professor de música da Grundschule Neues Tor (Escola Básica Portão Novo, em tradução literal).

O projeto, este ano 100% focado nas culturas e tradições de Portugal, mas que teve também a participação de alunos falantes de português de outras origens, agradou ao júri e venceu o primeiro prémio.

“Quando eles anunciaram que tínhamos ganhado o primeiro lugar, a turma inteira pulou para cima das cadeiras e começou a gritar de alegria, ficámos assim uns cinco minutos”, descreve a aluna Anita Vaz, de 11 anos.

“Os bombos também foram protagonistas. Onde quer que haja bombos, eles roubam a atenção”, confessa, entre risos, Sofia Borges.

A percussionista, compositora e professora de música também leva os bombos para fora das escolas. Durante o “Karneval der Kulturen” (Carnaval das Culturas), uma festa multicultural de três dias que se desenrolou em junho, no bairro de Kreuzberg, no centro de Berlim, dezenas de pessoas participaram nos ‘workshops’.

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