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Bloco de Esquerda pede saída do ministro das Finanças

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A coordenadora do BE, Catarina Martins, defendeu esta segunda-feira que o ministro das Finanças, Fernando Medina, não tem condições para continuar no cargo e acusou o Governo de “conviver bem” com o “regime de privilégios” existente no Conselho de Administração da TAP.

“Não creio que na verdade haja condições para continuar um ministro que não quis saber o que se passa numa das empresas mais importantes do país”, afirmou Catarina Martins.

A coordenadora do BE, que falava aos jornalistas à margem de um encontro com os trabalhadores do café Embaixador, no Porto, considerou estranho o silêncio do primeiro-ministro, António Costa, e a falta de explicações sobre “como é possível haver um regime de privilégio” na companhia aérea portuguesa.

“Não está nada explicado e uma demissão não apaga o problema. Existe aparentemente um regime de privilégio no Conselho de Administração da TAP, uma empresa pública e que precisa de financiamento publico, cortou salários e despediu, e ainda ninguém explicou como é que nesta empresa é possível haver um regime de privilégio em que um administrador que sai pode levar mais de meio milhão de euros”, salientou.

Catarina Martins acusou ainda o ministro das Finanças de se ter “esforçado muito para não saber” em que condições Alexandra Reis saiu da TAP.

“O que é bastante estranho é que o ministro das Finanças venha dizer que não sabia, mas é preciso perguntar como é que foi chamar para secretária de Estado do Tesouro alguém que só tinha feito meio mandato à frente de uma empresa pública altamente intervencionada pelo Estado e não tenha perguntado o que é que aconteceu para que não cumprisse o mandato, ou em que condição saiu. Digamos que o ministro podia não saber de nada, mas esforçou-se muito para não saber quando o seu trabalho era esforçar-se para saber”, salientou.

A coordenadora do BE considerou ainda “absurdo” o silêncio de António Costa sobre o caso, defendendo que o “Governo convive muito bem” com o “regime de privilégio” existente na TAP, o qual, disse também, “protege não querendo saber”.

“Há um regime de privilégio com que o Governo, todo ele aparentemente, convive muito bem e que protege, não querendo saber. (…) Que o primeiro-ministro não tenha dito ainda nada parece-nos absurdo”, acrescentou.

Alexandra Reis recebeu uma indemnização de 500 mil euros para deixar antecipadamente, em fevereiro, o cargo de administradora executiva da transportadora aérea. Em junho, foi nomeada pelo Governo para a presidência da Navegação Aérea de Portugal (NAV) e em 02 de dezembro tomou posse como secretária de Estado do Tesouro.

A indemnização atribuída a Alexandra Reis, noticiada pelo Correio da Manhã no dia 24 de dezembro, foi criticada por toda a oposição e posta em causa até pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao dizer que seria “bonito” a governante prescindir da verba. Na sequência da polémica, Alexandra Reis foi demitida no passado dia 28 pelo ministro das Finanças, Fernando Medina.

Este caso viria ainda a provocar a demissão do ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na quarta-feira à noite, para “assumir a responsabilidade política” do caso da indemnização de 500 mil euros da TAP à ex-secretária de Estado do Tesouro. Com Pedro Nuno Santos demitiu-se também o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu um inquérito ao caso da TAP relacionado com a saída, com indemnização, de Alexandra Reis da empresa e que levou a várias demissões no Governo, revelou hoje a PGR.

Em resposta à agência Lusa, fonte oficial da PGR adiantou ainda que a investigação está entregue ao Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, encontrando-se sujeita a segredo de justiça.

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