ColunistasNum cemitério em Vilnius Epitáfiotirem-me daqui eu ainda não morriaquilo foi tudo uma zombaria — eu estava a troçar com deus a morte e os médicoseu ainda...
ColunistasCinzento o mar cinzento o mar o céu é tenebroso a esperança pálidao outono verde as flores são todas escuriças preto o brancoserei daltónico?dm
ColunistasVivo no sótão da Lua vivo no sótão da Lua cercano de um campanário silencioso cave soalheira renda barata senhorio generosogenerosa também a paisagem que corre pela minha vila afluente do mundomatéria-prima...
ColunistasEmplumei as tuas cinzas com os meus ossos emplumei as tuas cinzas com os meus ossos nas tuas últimas pegadas plantei romãzeiras longevas houve manhãs que se perderam nos faiais...
ColunistasVil e estranha vil e estranha progenitora a morte com um seio nutre e com o outro envenenadm
ColunistasÉ menino ou menina? é menino ou menina? é poeta - gritou o obstetraa minha mãe conta que o meu parto foi um escombro dolorosodm
ColunistasPorque não mais sobre a minha mão a tua porque não mais sobre a minha mão a tua inúmeras flores estivais em sucumbimentos mirram porque as vísceras do mais sagrado músculo...
ColunistasA morte entrou na farmácia a morte entrou na farmácia e pediu uma embalagem de aspirinafalou de vivíssimas dores de cabeçahá cosmogonias que a ciência jamais saberá...
ColunistasQuem é quem é aquele que, exausto, na madrugada, mede a extensão da sua insónia? quem é aquele que, desassossegado, nas entranhas do silêncio, estrangula a seiva...
ColunistasPresépiouma manjedoura vaziaum anjo bêbado vestindo uma t-shirt estampada com a frase "Gloria in excelsis Deo” uma estrela mirrada e a vossa ausênciadm
ColunistasNa sepultura que silêncio tão caliginoso tão possante, tão esmagador- é a morte, às gargalhadas a rir-se de ti imagina agora quando lhe contarem a anedota...
ColunistasNo Hospital Júlio de Matos Amílcar deteve-se no meio do corredor levantou os dois olhos como quem procura no abismo a Estrela Polar e perante os vinte e...