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Atenção! Pensamentos inimigos à solta. Três dicas para resolvê-los

No que consiste o ato de pensar? O que é o pensamento?

Imagine que fosse privado de poder pensar, não pudesse fazer associações, tampouco manusear as informações que lhe chegassem como as palavras, as imagens, os sons e os sentimentos. A partir deste momento não teria nada em sua mente, nem a variedade de coisas, assuntos e situações que ocupam o seu dia-a-dia, nem os lugares, as pessoas, os objetos, para se lembrar. Imagine ainda que, destituído do poder de pensar, era incapaz de modelar a sua perceção do mundo ao seu redor. Incapacitado de formar ideias, julgar, refletir, não conseguiria estabelecer um processo mental capaz de ler este artigo, absorver as ideias contidas nele, pois o pensamento é fundamental no processo de aprendizagem, quer como matéria-prima do conhecimento, assim como construtor do conhecimento. Claro que acabariam os seus monólogos, tais como: “A minha mente não pára, quero dormir!”; “Isso não vai dar certo.”; “Vamos lá ver se consigo.”; “Ainda tenho que ir comprar pão.”; pois falamos muitos “pensamentos” dentro da nossa mente. Também aqueles pensamentos enquanto dorme, quando não se dá conta que pensa, mas a sua mente está a solucionar um problema que ocorreu durante o dia, a pensar, para que o possa resolver ao despertar, não mais aconteceriam.

Se fosse privado de pensar, isso seria o mesmo que possuir uma vida sem existência. O seu cérebro seria privado dos vários bips químicos, que são disparados para formar um pensamento. E, embora cientistas ainda investiguem como os pensamentos são formados, sabemos que o ato de pensar é basilar para a sobrevivência do ser humano, como espécie, e fundamental para a sua formação como ser social.

Com as competências exímias que desenvolvemos com o ato de pensar, parece que os pensamentos são produtos perfeitos dessa máquina que é a nossa mente, não é verdade? Todos nós, na prática, sabemos que não é bem assim. Quantas vezes lhe aconteceu querer dormir e a sua mente não pára com pensamentos do que tem de fazer amanhã no trabalho, ou os horários das atividades dos seus filhos, ou os afazeres domésticos?

Embora possamos compreender a importância vital de pensar e deste computador mental que temos em nossos crânios, não podemos descartar que temos problemas com os cookies, que são aqueles pensamentos que nos limitam, deitam-nos para baixo, que ficam armazenados no histórico e que temos de cuidar para apagá-los, como por exemplo: Errei novamente, hoje não é o meu dia!; Claro está, tinha que acontecer comigo.; “É melhor não tentar. Isto não vai dar certo.. Também mantemos ficheiros antigos no disco rígido, como memórias passadas, crenças que já não nos servem, emoções como medo, mágoas sobre experiências passadas ou stress sobre suposições futuras, que estão a consumir energia e a limitar que o seu hardware e software funcionem melhor.

Um exemplo simples é interiorizar frases que foram faladas pelos seus pais, como verdades sobre a realidade, sem que o sejam. Por exemplo, a sua mãe acreditava que abrir o guarda-chuva dentro de casa dava azar. E por ela acreditar, você passou a acreditar nessa crença e não necessariamente ter sido um facto comprovado por si. Outro exemplo, é começar a pensar que não é bom suficiente numa atividade de que gosta, porque compara-se aos resultados melhores atingidos por outra pessoa. O que no início é um pensamento que surge na mente, começa a ser reforçado com emoções como a frustração, a deceção e a desmotivação por não atingir os resultados almejados. Com isso, você reforça esse pensamento – que não é bom o suficiente – argumenta para si mesmo como isso é verdade, através dos comportamentos que teve. Então,ele cria raízes na sua mente e torna-se numa crença. Essa crença consome energia e vitalidade do seu sistema operacional, sem que produza um resultado que lhe traga benefícios para a sua vida.

A boa notícia é que a neuroplasticidade do nosso cérebro permite que os dados que foram inseridos possam ser atualizados ou mesmo eliminados. Para isso, é necessário uma limpeza no sistema ou pelo menos uma reorganização nos ficheiros desse sistema. Para ajudá-lo a começar com essa tarefa, seguem três pensamentos que o levarão a refletir sobre o que pensa de si, sobre os seus comportamentos, sobre a sua personalidade e como pensar sobre a sua pessoa dessa forma, impacta a sua realidade.

# Pensamento 1 – Eu sou assim, nasci assim e não mudo.

No Brasil diz-se que é o complexo de Gabriela, devido à novela com o mesmo nome, cuja música “Modinha Para Gabriela”, da cantora Gal Costa, tem como refrão “Eu nasci assim, eu cresci assim, e sou mesmo assim, vou ser sempre assim: Gabriela, sempre Gabriela!”.

Pensar que não muda, que essa é a sua forma de ser e estar na vida, desde que se recorda, demonstra que quer ficar agarrado à sua zona de conforto, ao que lhe é supostamente conhecido, porque receia a mudança. Contudo, é um pensamento que contradiz a própria realidade. Todos nós mudamos desde que nascemos. Passamos por várias etapas (da infância, da adolescência, da juventude e adulta) e em todas elas, experiências e conhecimentos são adicionados à nossa bagagem, que nos moldam e nos mudam. Não somos o que éramos anos atrás e a sociedade líquida que vivemos também não. O ritmo de mudanças e desafios atuais são numa velocidade superior aos vivenciados na Europa da idade média.

Quando eu ouvi aquele tipo de afirmação dos meus clientes, a referência incidia sobre aspetos das suas personalidades, que insistiam em mantê-los, embora lhes criassem grandes dificuldades e desvantagens para as suas próprias vidas. Mas o medo de mudar era maior do que mudar. Para poder reajustar esse autoconceito distorcido e ajustar-se à realidade, a dica é: procure a causa desse medo e compreenda qual é o medo que aí se encontra.

# Pensamento 2 – Sou forte… aguento com isso.

Esse pensamento tem um lado positivo, que é o de querer resistir a frustração e aos reveses da vida, o que é muito louvável. Mas também tem o lado negativo, que é o de constantemente desrespeitar os seus próprios limites, considerando que pedir ajuda, chorar, dizer não, pode ser visto como uma pessoa “fraca” e que não “aguenta” a pressão da vida. Essa é uma interpretação errada e que pode levá-lo à depressão.

Quando desconhece as suas necessidades, atravessa constantemente os seus próprios limites, tem uma forma de interpretar ainda rígida sobre o que é ser forte e ser fraco, isso demonstra que precisa desenvolver o seu autoconhecimento e autoestima. Ambos ajudarão a desenvolver uma melhor consciência das suas emoções, de como trata a si mesmo, o que permite ou não que os outros façam consigo. Fica a dica!

# Pensamento 3 – Nunca tenho tempo para nada!

Pensamentos, como este, têm o peso e a proporção que nós lhe damos. Pensar que não tem tempo para nada, induz automaticamente em sentir agitação, stress, entrar num circuito de outros pensamentos, como por exemplo, “nunca consigo fazer tudo o que queria ter feito”, que por sua vez leva a uma sensação de azáfama, dispersão, sentir-se mais cansado e desgastado, o que resulta em frustração. Toda essa combinação baixa o seu nível de produtividade, o que significa que realmente irá conseguir realizar menos do que havia planeado. A dica aqui é: questione e reinterprete o seu pensamento. Ao invés de pensar que “nunca tem tempo para nada”, subestimar ou sobrestimar o tempo e sua capacidade de atividade, pode pensar de outra forma, como por exemplo, “eu tenho 16 horas ativas do meu dia, e como irei organizá-lo?”. Faça uma lista do que quer fazer, organize por prioridade, faça com empenho, e o que não conseguir fazer, ficará para o outro dia.

A sua mente pode pensar de uma maneira, dentro de uma rotina, mas também pode encontrar razões para pensar de forma diferente. Se um pensamento surge e toma conta da sua mente, é porque ele está a ser alimentado. Se ele traz benefícios para os seus sentimentos e competências, é excelente. Mas, se traz limitações, desperta raiva ou stress, consome a sua energia, bloqueia as suas ações, interfere na forma como se perceciona, talvez seja hora de mudá-los. Pode começar, hoje, a pensar com mais carinho sobre si! Basta estar atento aos seus pensamentos!

Karina M. Kimmig

Karina M. Kimmig foi galardoada Top Coach na Alemanha, autora do livro “Metodologia Humanística: Os Sete Poderes que Todos Nós Possuímos”, General Manager MORE Institute GmbH, Presidente de associações internacionais, cocriadora da MORE Humanistic Methodology, escritora e referência internacional em desenvolvimento humano.

Mais: https://more-institute.com

 

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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