Associação Portuguesa de Rheine premiada na Alemanha
A Associação Portuguesa de Rheine, na Alemanha, que tem contrariado a tendência e aumentado o número de sócios, foi este ano um dos três vencedores do “Heimat-Preis”, prémio “pátria”, atribuído pela autarquia de Rheine.
Nasceu há 57 anos pelas mãos da primeira geração de emigrantes portugueses que chegaram à Renânia do Norte-Vestefália. Primeiro foi o clube de futebol e só depois a associação. Tem sobrevivido desde então, mesmo apesar das dificuldades, graças à resiliência das direções anteriores e à criatividade da atual.
“Começou por estar num edifício mais pequeno, mas depois cresceu”, conta Augusto Coelho à Lusa, enquanto vai descrevendo a associação que todos os dias abre as portas aos cerca de 200 sócios.
Presidente há dois anos, o português de Santo Tirso tirou partido da sua formação em cozinha e começou a oferecer alternativas que foram trazendo mais gente. Além das cervejas e dos cafés, a associação prepara refeições aos fins de semana. “Não todos”, explica Augusto Coelho, porque nem sempre há mãos para tudo, mas sempre que possível.
“Sou formado em cozinha e, quando cheguei à Alemanha há nove anos, a associação estava a passar por uma crise. Como no edifício temos uma cozinha industrial maravilhosa, eu e a minha companheira lançámos mãos à obra”, descreve, desvendando o menu deste fim de semana, Leitão à Bairrada.
“A associação tem custos elevadíssimos, e isto é uma forma de ajudar a pagar as contas. Só de luz e gás são 1.600 euros por mês, fora os seguros, alarmes, telefone, internet, tudo somado dá uma conta alta”, admite.
Além das comidas, há festas, como noites de fado, com a próxima marcada para novembro, celebrações de efemérides, para que os sócios “convivam mais”.
“Temos um clube de futebol, mas chegámos a ter dois. Tem jogado muito bem, tem tido muito bons resultados. O nosso campo é aqui ao lado da associação e isso ajuda muito. Vendemos mais umas salsichas, umas fêveras, umas cervejas. Tudo com muito trabalho”, continua Augusto Coelho.
Orgulhosamente admite que o número de sócios até tem subido, contrariando a tendência que indica o fecho de muitas associações portuguesas na Alemanha. Mas, idealmente, confessa, deveriam ser mais do dobro.
“Temos associados turcos, italianos, alguns até já falam português. É bom darmo-nos bem com outras comunidades”, sublinha, admitindo que vai sempre tentando convencer mais pessoas a inscreverem-se porque “todos são bem-vindos”.
Não recebem qualquer apoio, mas Augusto Coelho considera a hipótese de se registar no Consulado para poder no futuro receber alguma ajuda na organização de eventos que promovam a cultura portuguesa.
O prémio “Heimat” (da terra natal, pátria), que se destina a reconhecer o “empenho voluntário excecional” de várias associações na comunidade local, veio mostrar que estão no bom caminho, acredita o presidente da Associação Portuguesa de Rheine.
“Sermos um dos três vencedores deste prémio atribuído pela câmara municipal de Rheine foi maravilhoso”, realçou.