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Amanda Acosta: teatro e música desde sempre

Talento prematuro, despontado quando tinha apenas quatro anos de idade, Amanda Acosta integrou alguns grupos musicais, entre os anos 80 e 90, como Dó Ré Mi e Trem da Alegria, passando, ainda na adolescência, a atuar como atriz, com incursões pelo teatro, cinema e televisão. No teatro, merecem destaque suas admiráveis atuações como Eliza Doolittle, em My Fair Lady; Maria Rosa, em Vingança, musical que resgata o universo de Lupicínio Rodrigues; Leonor Praxedes, em Caros Ouvintes; e, mais recentemente, Bibi Ferreira, em Bibi, uma Vida em Musical. Na televisão, tornou-se conhecida por apresentar, ao lado de Marisa Leite de Barros, o programa Inglês com Música, na TV Cultura.

O início de sua carreira se deu no grupo musical Amanda e suas Netinhas. Que recordações guarda desse período?

Só alegria! Fazia o que eu gostava e estava em família. O grupo era formado por mim, minhas duas irmãs e minhas duas primas. Por isso, o nome Amanda e as Netinhas, que vem de nosso sobrenome, Neto.

E da época da Turma Dó-Ré-Mi e do Trem da Alegria, quais as melhores lembranças?

Só tenho lembranças boas, estava sempre num palco diferente, levando alegria a todas aquelas pessoas que estavam ali para nos ver, para trocar com a gente. Com o Trem da Alegria, tive a oportunidade de conhecer o Brasil inteiro, fazendo o que mais gosto.

Como foi entrar no universo de Lupicínio Rodrigues, no musical Vingança?

Eu já era encantada pelo Lupicínio e com a peça me aprofundei mais na vida e na obra desse gênio da música popular brasileira. Me apaixonei pela música Maria Rosa, que, para mim, foi um encontro, pois era uma das canções da personagem do mesmo nome que eu interpretava no espetáculo.

Vê alguma diferença em atuar numa produção nacional ou estrangeira? As limitações impostas pelos produtores estrangeiros limitam o trabalho de ator?

Os musicais que vem de fora têm, na maioria das vezes, um padrão de canto, de encenação, e, muitas vezes, de interpretação que devem ser seguidos, ainda mais quando os diretores são americanos. Temos que criar dentro de uma forma previamente determinada. Na maioria das vezes, os diretores de fora não têm o ouvido para a voz que é diferente. Quando fazem audição aqui, esperam ouvir a colocação da voz, aquela sonoridade do canto que familiar a eles. E isso é normal acontecer. É compreensível. E é maravilhoso podermos contar e cantar muitas dessas histórias fantásticas, geniais que eles criaram e continuam criando, pois o teatro musical faz parte da cultura deles. Com eles aprendemos muito, pois são feras no que fazem. Entendo, apenas, que temos de nos apropriar dos conhecimentos que nos trazem, mas fazer o nosso musical, com nossa cara. E isso já está acontecendo. Em um musical como Vingança. A gente tem liberdade para criar, respeitando a concepção e o olhar do diretor.De cantar, de sentir a música que nos é familiar. O Guilherme Terra, nosso diretor musical, nos conduziu muito bem, sabia o que buscava e nos deu liberdade de ação.

Em My Fair Lady, você atuou ao lado de Francarlos Reis, de quem se tornou grande amiga. Pode nos falar sobre a amizade que os uniu?

Eu ficava assistindo da coxia as cenas do Francarlos e quando não conseguia assistir, ficava atenta ouvindo. Para mim, era sempre uma aula. Ele era um mestre. Um grande amigo, um ser humano genuíno, de personalidade ímpar. Nós nos conhecemos fazendo O Defeito de Família, do França Junior, na TV Cultura, e foi paixão à primeira vista. Desde então, minha admiração pelo ator e pelo amigo só cresceu. Sou grata à vida por esse encontro.

Como foi viver quatro mulheres, de 17, 35, 50 e 60 anos, na peça Maternidades, escrita por seu marido, André Fusko?

Foi um desafio, um grande aprendizado e uma grande realização.Eu estava ali dando voz a quatro mulheres distintas, mas com um foco comum, a maternagem. Muitas de minhas questões e inquietações estavam em cena. O Fusko me presenteou com Maternidades, com a qual ainda pretendo voltar em cartaz.

Como foi viver uma cantora num dos fenômenos de público e crítica de 2014, a peça Caros Ouvintes, de Otávio Martins?

A personagem Leonor Praxedes é mais do que um encontro.Ela é o reflexo de uma época. Uma mulher, uma cantora que sofre a ação dos acontecimentos de um período intenso do país. E que, ao jeito dela, segue fiel a seu talento e caráter. Leonor é um personagem admirável.

Suas poucas participações em teledramaturgia se devem a algum desinteresse pelo que a televisão oferece?

Pelo contrário, tenho muito interesse! Quero fazer bons trabalhos, seja no teatro, no cinema ou na televisão.

A experiência de atuar no cinema, como foi?

Foi maravilhosa e quero mais. Existe uma técnica específica no cinema, assim como nos diferentes veículos de comunicação e gosto demais de experimentar novos desafios, dessas diferenças.

Sobre os autores da entrevista: Angelo Mendes Corrêa é doutorando em Arte e Educação pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de São Paulo (USP), professor e jornalista. Itamar Santos é mestre em Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo(USP), professor, ator e jornalista.

Esta publicação é da responsabilidade exclusiva do seu autor.

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