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Viver as férias sem culpa pelo trabalho

© DR

Tirar férias não é só ficar sem trabalhar. É saber viver o aqui e o agora, mesmo sabendo que o trabalho é uma parte estrutural da vida e que lhe dá sentido.

Conseguir um equilíbrio entre trabalho e descanso para um estado de saúde física e mental saudável é um desafio complexo, em tempos de pandemia e realidades sociais interligadas. Mas saber lidar com o stress e evitar o Burnout é necessário. É, por isso, essencial falar sobre férias, principalmente quando o trabalho é muito. Este período de descanso é a peça-chave para trazer esse tempo de pausa necessário para que possamos retomar o trabalho de forma mais saudável e adequada.

Um estudo americano da Work and Well Being Survey evidencia que a maioria dos sujeitos na amostra que esteve de férias, declararam sentir efeitos positivos quando regressam ao trabalho, com 68% a afirmar que a sua disposição era melhor, que sentiam com mais energia (67%) e motivação (57%) e que se sentiam menos stressados (57%). Adicionalmente, reportaram que, mesmo após poucos dias de férias, sentem-se mais produtivos (58%) e que a qualidade do seu trabalho melhorou (55%). Apesar das vantagens no geral, um em cada cinco dos entrevistados dizia sentir-se tenso e preocupado ao longo das férias, com 28% a dizer trabalhou mais do que o que estava previsto no regresso, e 42% a reportarem sentirem-se esgotados aquando do regresso ao trabalho (o que é um sinal de alerta para a empresa relativamente ao Burnout).

Precisamos tornar as férias um período de manutenção / recuperação da saúde mental e física plena. E porque mudamos pelo que fazemos, devemos “curtir” as nossas férias mesmo antes de começar. A antecipação do que está na nossa zona de controlo pode acontecer com as devidas expectativas, pois dependem de nós. 

As férias são uma oportunidade de fazer uma pausa das rotinas e afazeres do dia a dia, principalmente na frequência do tempo onde gastamos mais horas, que é no trabalho. A ausência do trabalho e o tempo livre trazem vários benefícios para a saúde, assim como revigoram as capacidades e ajuda a recarregar baterias, reduzindo os níveis de stress. 

No entanto, ter 8 horas ou mais do dia sempre ocupadas em trabalho, dificulta a criatividade sobre o que fazer quando não há trabalho, principalmente quando as Pessoas não se conhecem o suficiente para saber onde investir ou gastar o seu tempo. E nas férias ganhamos tempo. Contudo, não é fácil esquecer as responsabilidades e afazeres do trabalho, o que leva, durante as férias, a um desvio da atenção do Presente para as preocupações pendentes do trabalho, o que resulta em ansiedade. 

As férias devem, portanto, ter uma função para si, como indivíduo, mas também para os empregadores, pois ajuda ambos a serem mais bem sucedidos e equilibrados, com mais bem-estar e energia.

Assim, as férias servem para aliviar o stress, trazer momentos de felicidade, melhorar o coração (reduz o risco de morte por doença cardíaca), regulariza o sono, potencia a concentração, reduz o risco de ficar doente, melhora as relações sociais, aumenta a longevidade (pois menos stress aumenta a esperança de vida).

Nas férias, tenha como objetivo principal ter, exatamente, o tempo “livre”. Escolha o que quer realizar, com leveza. A ideia é relaxar, renovar e apreciar. Se viajar, não fique um turista obcecado em fazer os programas e passeios disponíveis, ou gastar demasiado para ocupar o tempo, quando não sabe o que fazer com ele. Priorize lugares, experiências e as companhias que lhe fazem bem, apreciando com prazer as oportunidades para renovar as energias.

Desta forma, partilhamos algumas dicas para desligar do trabalho durante as férias:

– no último dia de trabalho, faça uma actividade física no final do dia

– faça férias longe do local onde mora ou trabalha

– visita locais desconhecidos, evite as rotinas rígidas de décadas de férias, sempre no mesmo hotel, no mesmo quarto, a comer no mesmo restaurante, na mesma praia, etc.

– tenha momentos “fare niente” (fazer completamente nada)

– caminhe 30 minutos ou mais, e, preferencialmente, faça actividade física com frequência semanal

– não tire férias todas de uma vez, mas tenha um bloco, pelo menos, de 10 a 15 dias

– desligue as notificações dos emails e agenda ligadas ao trabalho (se não puder, reserve 30 minutos específicos planeados para aceder à informação, com o máximo intervalo de dias possível)

– Faça o que sente que precisa ser feito com a agenda livre

– aumente a frequência de tempo de contacto presencial ou telefone com quem gosta e fique mais perto, recuperando a proximidade com amigos que valem a pena

– Faça o que gosta

– invista no seu auto-conhecimento (leia uma biografia um livro de desenvolvimento pessoal baseado em ciência, e não só em opiniões ou experiência de uma vida)

Feito isto durante as férias, quando regressar ao trabalho, prolongue a satisfação das experiências vividas, partilhando as histórias e fotos com amigos e familiares (esqueça os “amigos” virtuais que não conhece), e saboreie a evocação desses momentos felizes. Aproveite, porque esta vida são dois dias e o minuto que agora passou, não volta mais!

Um abraço estóico.

Ivandro Soares Monteiro

Psicólogo Clínico/ Psicoterapeuta | Fundador & CEO da EME SAÚDE

Associate partner CROWE PT | Professor Universitário @ICBASAssistente | Whatsapp +351 | 91 606 69 32

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